Quantas vezes te perguntaste se valeria a pena sair de casa numa noite de chuva e de frio, deixando para trás a tua família, para ires ajudar quem precisava de um conforto?
Muitas, dirás. Porque ao fechares a porta de casa, o teu filho te pergunta onde vais e porque tens que ir e isso faz-te pensar se valerá a pena…
Quantas vezes te interrogaste se, no meio de tantos milhões de pessoas, a tua presença faria a diferença entre os que estão sós?
Demasiadas, responderás. Sempre que, à luz do dia, passas por um sem-abrigo e sentes na tua pele a indiferença de tantos que por ali passam e fingem não ver a solidão, o abandono e a miséria daquele ser humano.
Quanto tempo passaste a explicar aos teus amigos, familiares e conhecidos o sentido de te entregares na ajuda ao próximo, mesmo que seja um desconhecido e que não tenhas uma responsabilidade direta para com ele? O necessário, suspirarás. Repetirás as vezes que forem necessárias, com a alegria que exalas, a graça que te é concedida sempre que, num rosto marcado com as agruras da vida, vislumbrares um sorriso tímido, ao mesmo tempo que uma mão se estende para receber uma refeição quente. Porventura, a primeira daquele dia, debaixo de um céu estrelado e com o luar bem alto.
A decisão de sairmos de nós próprios e de irmos ao encontro dos outros é um caminho pessoal, ainda que devesse ser universal. São os que têm sede de mais que o buscam, que o procuram nos seus dias, para depois alimentarem os outros com amor, generosidade e trabalho. Dádivas que vêm do coração, de uma escolha racional que se faz, sentindo este chamamento interno e que cedo transborda para além de nós.
São Josemaria Escrivá incentivou-nos a percorrer este caminho, ao escrever: “Quando tiveres terminado o teu trabalho, faz o do teu irmão, ajudando-o, por Cristo, com tal delicadeza e naturalidade, que nem mesmo o favorecido repare que estás a fazer mais do que em justiça deves.” [Caminho, ponto 440]. Um ensinamento sobre a felicidade de quem é amado e daquele que ama ao se entregar, tal como Jesus Cristo ensinou aos seus discípulos.
És quando te dás. Cresces quando, à tua volta, as plantas regadas dão flores, depois de um inverno rigoroso, colorindo o teu jardim com as mais belas cores do arco-íris. Avanças no teu caminho da vida, olhando para um horizonte que te preenche com Fé, Esperança e Amor e te prepara para a Vida Eterna, com estas graças do dia-a-dia.
Um caminho só teu, fruto de uma escolha diária tua, em que a luz que te ilumina só é visível por ti e por alguns dos que tocas com o teu calor, mas que apesar de parecer um caminho em construção e de te sentires como um ratinho numa roda que gira sem parar, sem destino certo, sentes e tens a certeza que não há melhor caminho do que este e que é este o caminho que escolhes e te inspiras para percorrer.
Em que parte deste caminho te encontras?