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A guerra das bandeiras

  • Junho 7, 2022
  • Conexão | Brasil x Portugal
  • José Maria C. da Silva André

O espectáculo da parada militar de 9 de Maio em Moscovo, carregado de símbolos bélicos, não é fácil de interpretar.

Que significam tantas foices e martelos? Porque é que muitos esquadrões desfilavam com bandeiras vermelhas? E havia tantas insígnias comunistas? E enormes decorações da extinta União Soviética? As iniciais do país voltaram a ser CCCP (União Soviética), como estava escrito em letras garrafais na praça Vermelha? Que faziam tantas fotografias de Stalin na parada militar? Ainda mais, porque é que os cartazes de propaganda da parada de 9 de Maio usavam símbolos nazis e fotografias norte-americanas?

Felizmente, a Rússia não virou comunista, nem nazi. A história é mais longa.

Quando se deu o Cisma do Oriente (ano 1043) e o mundo grego quebrou a unidade da Igreja Católica, a Rússia acompanhou Constantinopla, que então se considerava «a nova verdadeira Roma». Quando os Otomanos invadiram Constantinopla (ano 1453), Moscovo considerou-se a herdeira desse título, passando a ser «nova-nova verdadeira Roma». É por isso que, até hoje, os ortodoxos russos se consideram os eleitos por Deus para salvar a Terra.

Durante quase um século, os comunistas perseguiram o povo em nome do ateísmo. Esse período terrível não deixou saudades, excepto num ponto: foi o momento em que mais povos estiveram submetidos à autoridade de Moscovo. Com a queda do comunismo, algumas dessas colónias aproveitaram para ficar independentes, o que é considerado pela Igreja Ortodoxa russa o retrocesso mais grave dos últimos séculos. Assim se explica que uma igreja cristã erga as bandeiras do regime comunista, não já como símbolos marxistas, mas como momento alto do imperialismo russo.

Nos seus múltiplos esforços para acabar com a guerra, o Papa falou por vídeo-conferência com o Patriarca Ortodoxo de Moscovo no dia 16 de Março. Infelizmente, a conversa não correu bem. Ao fim de ouvir durante 20 minutos o Patriarca ler um discurso a defender o direito da Rússia a invadir a Ucrânia, o Papa Francisco não se conteve e interrompeu-o: «Irmão! Não pode fazer de menino do coro de Putin!». Parece que o Patriarca vê a hierarquia ao contrário: Putin é que é o santo servidor do Patriarcado de Moscovo.

Alguns russos não concordam com este programa imperialista e talvez isso explique as imagens nazis nos cartazes de propaganda russa. Quando o regime se deu conta da brincadeira, era tarde demais. Os cartazes já estavam na rua, a sugerir ao povo russo quem faz actualmente o papel dos nazis.

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