A mão, com manchas vermelhas, que supõem sangue, controla via cordéis um homem com máscara, como uma marionete. Um texto complementa a charge mais ou menos da seguinte forma: 1% controla o mundo, 4% são vendidos, 5% já despertaram e 90% ainda estão dormindo. A turma do 1% paga aos 4% para impedir que os 5% despertem os 90%. Os que sabem menos obedecem melhor. Me alinho entre os que leem um pouco de tudo, até besteira. Pelos vinte anos li o início de uma cretinice atribuída a Lobsang Rampa, segundo a qual a Terra é oca …
Anos atrás comecei a ler Diário de um Mago, que encontrara em livrarias europeias e até numa em Teerã! O atendente, ao saber-me brasileiro, mostrou empolgação e assegurou que Coelho tem um pouco do estilo de alguns dos poetas persas: “Você não é uma gota no oceano. Você é um oceano inteiro numa gota (Jalal ad Din Rumi)”... Bem, minha leitura de Paulo Coelho apenas confirmou o que pensara desde o início: textos simples e pobres, como nas extintas fotonovelas. Antigamente dir-se-ia que talhados para seduzir casadoiras e nefelibatas em geral.
Seguindo esta prática de décadas, farei como exercício uma colagem para verificar se algumas pedras daqui e dacolá permitem divisar um mosaico. Ou seja, se algumas delas falam com outras. Começo por Luc Montagnier, Nobel de Medicina, que sugeriu que o vírus da Covid foi criado num laboratório. Mas deu uma aliviada: a intenção talvez fosse criar uma vacina contra o HIV e acidentalmente contaminou algum pesquisador. Montagnier teria afirmado também que as vacinas contra o vírus estão a criar novas variantes da doença. De pronto tentaram rebaixar o prestígio do cientista – tarefa, aliás, indigesta,- quase a sugerir que esteja meio caduco.
A segunda coleção de pedras, candidatas a um eventual mosaico, garimpei em “Os donos do mundo”, de Cristina Martín Jiménez. A obra é de 2017, anterior portanto ao tempo da pandemia. A autora, sevilhana, foca sua atenção no grupo Bilderberg, ao qual atribui profundo, incessante e poderoso planejamento de domínio planetário. Dedica um capítulo ao que denomina “A tática das pandemias”. Lembra o pânico criado em 2009 depois que a OMS previu que pelo menos 150 milhões de pessoas morreriam por conta da gripe A. Segundo Cristina, a gripe ceifou 275 pessoas na Espanha, enquanto gripes sazonais matam até 4 mil pessoas por ano.
Menciona o vírus ebola, que catalisou os temores mundiais em 2014, protagonizando noticiários, com cobertura hollywoodiana, “apesar de estar impregnado na África desde os anos 1970 e ninguém ter dado a mínima atenção até então”. Por conta de certas estranhezas, muitos acusam a OMS de beneficiar laboratórios farmacêuticos, que ganhariam rios de dinheiro com a venda de vacinas. Segundo a autora, esta é uma visão que afasta a opinião pública da verdade: “O Clube Bilderberg tem interesse em manter relações com donos e acionistas de laboratórios farmacêuticos porque eles são instrumentos do clube, manipulados pelos membros do núcleo duro para manter sob controle a população mediante o medo constante. Os lucros substanciais que as farmacêuticas obtêm é o pagamento pelos serviços prestados à causa. Neste contexto, como em muitos outros, para o Clube Bilderberg o fim não é o dinheiro, mas o controle social. A ilusão é que querem que acreditemos que fazem isso por dinheiro”.
A última pedra é um vídeo com declarações de Robert Malone, criador do método de vacinas baseadas em mRNA. Afirma que não foram adequadamente testadas, o que demandaria pelo menos cinco anos. Denuncia que o argumento para vacinar crianças, porquanto ameaçam os mais velhos, é uma mentira. Apoia programas de vacinação, mas alerta para os riscos das que foram desenvolvidas a galope: possíveis danos cerebrais irreversíveis, um sistema imunológico artificialmente redefinido e eventual comprometimento reprodutivo.
Numa palestra em 2010, referindo-se ao crescimento da população mundial, Bill Gates (https://www.ted.com/talks/bill_gates_innovating_to_zero/transcript?language=pt#t-279425) afirmou que “Se fizermos um ótimo trabalho em novas vacinas, no sistema de saúde e no planejamento familiar, poderíamos diminuir esse número, talvez, em 10 a 15%”. Não entendi como vacinas poderiam diminuir a taxa. Honestamente não sei se algumas destas pedras dispersas rolam, como seixos, para a mesma cesta. Mas desqualifico reações que acusam toda e qualquer interpretação adversa como teoria da conspiração … Tais reações podem ter a mesma qualidade do que diz um marido apanhado em flagrante traição à sua esposa: “Você está maluca!”. Assim como nem tudo é verdadeiro, nem tudo é teoria da conspiração.