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O último livro que li

  • Junho 16, 2022
  • Cultura
  • Maria Susana Mexia

Num país fustigado por uma seca sem precedentes, governado por uma insidiosa violência, ode para sempre parece perdida a esperança, o bem e a virtude, Jesús Carrasco com uma mestria ímpar, conduz-nos paulatinamente à busca do sentido, numa cadência de luta pela sobrevivência, num mundo em ruínas físicas, humanas e morais.

Fugir, fugir é tudo o que anseia o rapaz mas fugir de quê? De quem? Para onde? Num desesperado cenário onde tudo escasseia e só o mal abunda, onde a moral se escapou pelo mesmo lugar por onde se sumiu a água, emerge um pouco de esperança num faminto rapaz sem nome, sem amor, sem família mas, também, sem rancor.

O recurso do autor a belas e enternecedoras palavras contrasta com a aridez das vivências, a inclemência do mal e a imposição duma violação sexual perpetrada e concretizada sem apelo nem perdão.

O bem, o mal, a inocência e a sordidez das acções, levam-nos a repensar e leviandade com que estas práticas hoje se implementam, de forma subtil, mas nem por isso indelével, leviana, descontraída sob uma aparente capar de liberdade, mas cuja consequência libertina cria novas vítimas, novos tiranos e opressores.

Para além da excelência da ficção, resta-nos a emergência da avaliação e reflexão desta obra sobejamente acarinhada pela crítica, mas pouco divulgada… o seu premente cariz político e social impele-nos à compreensão e protecção do “rapaz”, à condenação do “aguazil” e à admiração do velho, “ o pastor”,  uma réstia de humanidade num mundo seco coberto de maldade.

Um romance que não nos deixa indiferentes, mas que convida a ler nas entrelinhas…

Um solo gretado sem água, um governador violento sem sentimentos, um rapaz vítima de todo o mal, um velho pastor sem cão, uma intempérie onde tudo escasseia, sem aparente fim à vista, mas o Bem, mesmo na ficção, sobretudo na clássica, tem sempre a última palavra…

Intempérie, de Jesús Carrasco, considerado o melhor romance de 2013, é um livro de que não nos esquecemos, pois a sua trama está muito actual. É pena que os seus exemplares se encontrem com muito dificuldade, quiçá a editora nos agracie com nova edição …

 

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