Convidado em tempos a dar aulas de psicologia em escolas de enfermagem, tive que redigir um manual do curso com um dos capítulos sobre o conceito e teorias de inteligência. A capacidade de descobrir relações de sentido em realidades complexas é fundamental. Muitos cientistas da astrofísica tentam encontrar relações que unifiquem certas teorias em conflito e reconciliem a relatividade e a quântica para resolver contradições aparentes entre elas. O tempo não existirá, mas apenas coisas a acontecer devagar ou depressa, dizem; o espaço não será um vazio, mas cheio de grãozinhos (coisas) que se movem. Relatividade e quântica parecem não combinar, mas esperam que um cientista ganhará um Nobel quando descobrir a sua harmonia.
São grandes complexidades, pensemos antes que em tudo, entre pessoas, famílias, grupos e países, o bom é a harmonia da colaboração, não conflito e agressão. Claro, se até entre relatividade e quântica haverá relações harmoniosas! E os físicos querem encontrar a boa ligação-chave do que parece contraditório. O que existe (coisas ou realidades) só se mantém com relações construtivas. Durar é relacionar-se, apoiar-se. Para bem dos relacionados. Essa é outra questão. Para mal temos a atual guerra absurda, estúpida, de violências, não de paz. O grande astrofísico Carlo Rovelli numa entrevista recente parece sugerir a chave: «a guerra é o romper-se das relações. É colocar o individual à frente da colaboração» (cf in E, 3 junho 2022 p.49 e Sete breves lições de Física, passim). Nas guerras, em vez de colaborar no bem recíproco, as pessoas matam-se e ruinam as coisas, como esta guerra em numerosos países.
A individualite do só, é uma doença de desarmonias e rasgões dos seres e da vida. A humanidade, as comunidades e famílias; e os países, regiões, o mundo da beleza, verdade e vida só persistem com relações e interações sinfónicas de colaboração. Nos países e blocos políticos há tratados de colaboração ou ameaças e destruição. A ilusão e orgulho que leva a destruir relações, fabrica deuses de ruina. Essas ilusões e mentiras, conscientes ou não, destroem a verdade do viver. As ciências do cérebro analisam as adições e dependências, (drogas, álcool, jogo, etc.) como relações de doença, desarranjos e morte. E os políticos, gananciosos de votos e de lucros por consumos de destruição, não sofrerão de desarranjos? Para o Papa, certa economia matam.
Escrevo na festa da SS. Trindade, mistério revelado, passo-a-passo, por Cristo no Evangelho. Promete o Espírito Santo e suas relações de sabedoria e presença com os batizados, e a descoberta de relações entre Ele, o Pai e o Espírito Santo como relações sublimes. Parece que os maiores cientistas também anseiam investigar relações maravilhosas, embora palidamente semelhantes às da SS. Trindade em que as pessoas divinas, distintas, não separadas, interagem no amor e verdade; e infundem nas pessoas humanas dons relacionais similares de bem-estar e bem-fazer, nas famílias, comunidades e nações. E relações de harmonia em tudo quanto Deus fez existir. São relações de sinceridade e verdade, não à maneira de Pilatos que não esperou pela resposta de Jesus; ou terá pensado que a verdade em Jesus não iria além das ilusões e mentiras dos políticos, que degeneram em guerras e destruição e, no seu caso, na morte de Cristo.
Chocam as semelhanças entre guerras de morte e agressão, e a eutanásia, aborto, tráfico de pessoas, droga, tóxicos, poluição dos geo elementos: água, ar, terra e alimentos. Tem semelhanças na origem humana, nos direitos negados, no uso de palavras corrompidas, na ganância megalómana, no número de vítimas e disfarces mentirosos. Felizmente que há cientistas que não se deixam enganar: Médicos, Enfermeiros, Advogados; Cientistas da Ética e da Vida, e numerosas outras organizações de relações de vida. O livro The Hand of God de Bernard Nathanson (rei do aborto) merecia ser mais conhecido.
Funchal, Mês de festas de Santos, Junho 2022