A Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada em 1948, foi uma promessa universal de justiça e paz, uma premência após a II Guerra Mundial. A intenção foi proteger uma visão bastante realista do Homem em sociedade, ou seja, um homem, uma mulher que se casam para constituir família e terem filhos, que trabalham, têm um país e uma nacionalidade, que são proprietários, têm religião, etc. No fundo, queriam proteger pessoas normais, com uma vida normal, de um modo realista.
Porém, o conceito ocidental de Homem realizado, integrado numa sociedade, mudou muito, hoje defende-se o indivíduo separado de tudo: sem família, sem país, sem religião, uma espécie de liberdade oferecida por novos direitos, mas que é uma liberdade de órfãos, de indivíduos desenraizados, que se tornou num campo de batalha ideológica, num terreno de confronto civilizacional e de controlo ideológico mundial.
Os direitos do Homem de hoje fazem promessas de poder sobre a vida, sobre a morte, sobre a mudança de sexo. De direitos humanos passaram a direitos do indivíduo e por fim, a direitos transnaturais.
Preocupado com a realidade destas alterações Grégor Puppinck, jurista, diretor-geral do Centro Europeu para o Direito e a Justiça e também perito da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) e do Conselho da Europa sobre liberdade religiosa, reflectiu no seu livro “Os Direitos do Homem Desnaturado” sobre as grandes mudanças antropológicas de cariz laicista, procurando partilhar com o leitor a sua visão cristã sobre o que é o Homem.
Reitera que Deus, ao revelar-se aos homens, também revelou o Homem a si mesmo. Ou seja, Deus, a revelação e a encarnação de Cristo, dão-nos o espelho onde se revela a nossa condição e estabelece uma alteridade divina: o Homem vê em Deus a sua imagem perfeita.
Se perdemos esta imagem, perdemos a revelação de nós mesmos. É o que se passa hoje: não temos uma visão do que é Homem e refugiamo-nos numa busca de poder e de prazer que se integra numa atitude ateia, materialista, evolucionista, negativista e vazia de sentido.
Um livro muito esclarecedor e necessário para compreendermos melhor o que vai acontecendo na nossa sociedade, pois nada é obra do acaso, mas de estratégias com consequência preocupantes.