Temos vindo a conviver com indivíduos que são os verdadeiros purificadores de ar.
O conceito de purificador de ar tem, grosso modo, a seguinte ideia: O ar é limpo através do tratamento de poluentes que não vemos. O ar é absorvido pelo purificador e no seu interior, os filtros do equipamento retêm e eliminam as partículas e substâncias nocivas. Findo o processo, o ar está limpo e renovado. O resultado final é um ambiente mais puro e ar com melhor qualidade para a nossa saúde.
E, basicamente, é isto que os defensores do aborto, da eutanásia e das demais versões da purificação da sociedade, querem estabelecer.
As pessoas doentes e inválidas, morrem. As crianças não desejadas e/ou com problemas de saúde, morrem ainda na barriga das mães.
E assim se vai limpando a sociedade destas criaturas que os purificadores de sociedade não percebem muito bem para que servem. Aliás, alguns ainda consideram que estes seres que acima mencionei são parasitários, seja para o sistema de saúde, para os Governos, para as famílias ou, pasmem-se: para os corpos das mães.
Pessoalmente, tenho imensa sensibilidade para todos os assuntos que envolvem crianças. São seres vulnerabilíssimos, não pediram para existir e, até certa idade, são totalmente dependentes, não se sabem expressar devidamente, são mal compreendidos e não se sabem defender/proteger (seja verbal ou fisicamente) quando expostos a situações desiguais.
Pensar que uma criança vai nascer para os braços de uma mãe que não a quer é absolutamente mortificante para mim, confesso. Mas é só isto? Normaliza-se o eliminar da face da Terra todas as coisas que não queremos? Como os mosquitos? As baratas? Não domino muito o assunto, mas não percebo bem a utilidade dos mosquitos e convivo com eles há uma vida.
Os tempos modernos encetaram uma modalidade de nivelar tudo por baixo. É horrível assistir a esta rampa descendente. Bem sei que as rampas também se sobem – mas a verdade é que o homem moderno – esse grande iluminado do século XXI – começou a descer e não mais parou.
É urgente, em vez de ter o foco total num pseudo-positivismo abortista – estudar as melhores possibilidades de aborto, até quantos meses se deve ou não abortar, até tornar o aborto o ato mais requintado e bem conseguido da História – como em busca do aborto perfeito – é urgente não abortar! É urgente alcançar estas mulheres e/ou casais, perceber as suas causas e, por mais grosseiras que nos possam parecer, enfrentá-las, desconstruí-las, fazer-lhes face, apresentar soluções.
E, por fim, se esta abordagem falhar, e as crianças a quem, felizmente, tenha sido permitido nascer, forem entregues a famílias outras que não a sua família biológica, ter um sistema forte e capaz de as acolher com a dignidade que merecem.
A solução acima apresentada é um grande choque para os purificadores de sociedade. O conceito de responsabilização saiu do vocabulário dos purificadores de sociedade e foi substituído pela bandeira da liberdade, ou dos direitos – mas de configuração “adaptada”.
A vida é para ser vivida, certo? Mas que se viva a vida a descer, não faz diferença. Desde que se diga que se viveu – o que quer que isso signifique.
Feitas as contas, ao menos os purificadores de sociedade, esses, têm o direito à vida …