No quarto domingo de Julho celebra-se o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. Este ano é o II em que se celebra e tem lugar no domingo dia 24 de Julho 2022, próximo da festa de S. Joaquim e Sant´Ana, avós de Jesus, tendo como lema: “Dão Fruto Mesmo na Velhice”, pretendendo destacar o quanto os avós e idosos são um valor e um dom, tanto para a sociedade quanto para a comunidade eclesial. Este ano o Papa Francisco lança o convite para se fazer uma visita a idosos sozinhos, referindo: “A visita aos idosos é uma obra de misericórdia do nosso tempo. Estes simples gestos de atenção, realizados com amor dão coragem e luz a tantas pessoas sozinhas”. Recordo outra frase que referiu: “Quando os idosos são negligenciados perdemos (…) a tradição, que não é um museu de coisas velhas, é a garantia do futuro, é a seiva das raízes que faz a árvore crescer e dar flores e frutos”. “Não podemos falar da família sem falar da importância que os idosos têm entre nós”. Nunca fomos tão numerosos na história da humanidade, mas não sabemos como viver esta nova etapa da vida: para a velhice há muitos planos de assistência, mas poucos projetos de vida. No entanto, os mais velhos têm frequentemente uma sensibilidade especial para o cuidado, para a reflexão e para o afeto. Somos, ou podemo-nos tornar, mestres de ternura. E quanto! Precisamos, neste mundo habituado à guerra, de uma verdadeira revolução de ternura.
Dando ênfase à importância das relações entre gerações referiu: “Temos aqui uma grande responsabilidade para com as novas gerações (…): os avós e os idosos são o pão que alimenta as nossas vidas, são a sabedoria oculta de um povo, e é por isso que devem ser celebrados, e estabelecer um dia que lhes é dedicado”. O pacto entre as gerações, entre os idosos e os jovens, é uma bênção para a sociedade.
Segundo a ONU, o envelhecimento da população está destinado a tornar-se uma das mais significativas transformações sociais do século XXI. Face a este contexto é importante celebrar-se este dia, a fim de sensibilizar a opinião pública sobre as oportunidades e os desafios de uma sociedade que envelhece a um ritmo cada vez maior, com a consciencialização do contributo que os idosos dão à sociedade. No vídeo do Papa de Julho: Pelos Idosos, Ciro Intino comenta: “ a nossa sociedade está a envelhecer, mas tende a excluir e isolar os idosos, minando a sua identidade e o seu papel social, especialmente nas suas relações com as gerações mais jovens. Infelizmente, há uma falta de respostas adequadas aos cuidados e necessidades existenciais das pessoas mais velhas. Há ainda um longo caminho a percorrer em termos de políticas sociais e de saúde para os idosos, destinadas a limitar o isolamento a que demasiadas pessoas idosas estão atualmente condenadas.
De repente ao escrever este artigo senti-me angustiada ao recordar toda uma série de situações existentes, nomeadamente, o isolamento de alguns idosos sem família, os que sofrem a tantos níveis vítimas da guerra, os doentes…, tantas e tantas situações que urge humanizar. E a Lei da Eutanásia? Que impacto provocará uma lei como a da eutanásia nos valores culturais da sociedade, e o risco associado de transmissão de valores contrários à defesa dos mais frágeis e desprotegidos. Receio pela difícil aplicação prática desta lei que se diz restrita, bem como temo pela possível banalização da mesma. À semelhança das experiências de outros países, pode vir a tornar-se mais aberta, embora no “papel” não o seja. Que Deus nos ajude a ultrapassar todas as dificuldades com as quais nos confrontamos presentemente relativamente à possível aprovação desta Lei da Eutanásia. Temo pelos seus futuros impactos na defesa da vida da pessoa humana. Humanizar, defender, tratar, acarinhar, valorizar, dar atenção, criar novos recursos adequados às diferentes necessidades. Toda uma panóplia de soluções em defesa da vida.
Termino este artigo referindo ainda uma frase do Papa Francisco: “Rezemos pelos idosos, para que se tornem mestres de ternura, para que a sua experiência e sabedoria ajudem os mais jovens a olhar para o futuro com esperança e responsabilidade”. Eu acrescentaria a necessidade de promover uma imagem positiva e participativa das pessoas idosas, dando-lhes voz ativa e visibilidade enquanto exemplos, e existem tantos. O difícil mesmo é enumerá-los, num artigo, exemplos esses, que contrariam os estereótipos negativos, reconhecendo em cada pessoa idosa, uma história de vida. Grande parte de nós tem presente a imagem de um avô/avó que nos dedicava ou dedica o seu tempo e atenção, que nos acompanha, alimenta a nossa cultura, que nos revela as tradições familiares, que era, ou ainda é, o nosso porto seguro, transmitindo-nos a esperança no futuro, que garante a sobrevivência da família, das relações entre gerações, de um país, de uma pátria, da Igreja.