Filme de terror? Não! Simplesmente uma passagem do livro do decano dos exorcistas italianos, Padre Gabriel Amorth,“L’ultimo esorcista. La mia battaglia contro Satana”, escrito com o vaticanista Paolo Rodari, com relatos inéditos e impressionantes sobre o Papa Ratzinger.
“Faz calor na Praça de São Pedro. Estamos em plena primavera. O sol bate na praça onde uma multidão de fiéis espera o Papa. É quarta-feira, dia de audiência geral. Os fiéis vieram de todo o mundo. Do fundo da praça entra um grupo de quatro pessoas. Duas mulheres e dois homens jovens. As mulheres são duas das minhas assistentes. Ajudam-me durante os exorcismos, rezam por mim e pelos possessos, e assistem-nos tanto quanto lhes possível no seu longo e difícil caminho de libertação. Os dois homens jovens são dois possessos. Ninguém sabe. Só eu, e as duas mulheres que os “escoltam”, o sabemos.”
“Naquela quarta-feira as mulheres decidem trazer os dois à audiência com o Papa, porque acham que lhes pode fazer bem. Não é segredo que muitos gestos e palavras do Papa fazem enfurecer Satanás. Não é nenhum segredo que mesmo a simples presença do Papa inquieta e de algum modo ajuda os possessos na sua batalha contra aquele que os possui. Os quatro avançam para as cercas perto do “palco” onde Bento XVI daí a pouco irá falar. (…) É importante para elas conseguir levar os dois possessos o mais próximo possível do Papa.
Nenhum dos dois fala. Ambos estão estranhamente silenciosos. É como se aqueles que os possuem (são dois demónios diferentes) estivessem a começar a sentir que ele vai entrar na praça.
Soam as 10 horas. Do arco dos sinos, do portão do lado da basílica do Vaticano, sai um jipe branco. Dentro, três homens, um motorista, o Papa de pé e, sentado a seu lado, o secretário particular, monsenhor Georg Gänswein.
As duas mulheres voltam-se para Giovanni e Marco. Instintivamente seguram-nos com as mãos. Os dois, de facto, começam a ter comportamentos estranhos. Giovanni treme e bate com os dentes. As duas mulheres percebem que alguém está a começar a agir no corpo de Giovanni e Marco. Alguém que a cada minuto que passa está a ficar cada vez mais agitado. “Giovanni, resiste!”, diz uma mulher. Não te deixes vencer. Reage. Resiste.” A outra mulher diz as mesmas palavras a Marco. Giovanni parece não escutar as palavras da mulher. Mas, de repente, vira-se e diz com uma voz lenta e que parece vir de um mundo desconhecido: “Eu não sou o Giovanni.” A mulher não diz mais nada. Ela sabe que com o diabo só um exorcista pode falar. Se o fizesse, seria muito arriscado. Por isso, permanece em silêncio e limita-se a apoiar o corpo do Giovanni, agora completamente nas mãos do diabo.
O Papa percorre toda a praça. Os dois possessos vergam-se até ao chão. Batem com a cabeça no empedrado. Os Guardas Suíços observam-no, mas não intervêm. Será que estão acostumados a este género de cenas? Talvez sim. Talvez outras vezes tenham observado as reacções dos possessos diante do Papa.
O jipe dá uma volta larga. Depois sobe à parte superior da praça, a poucos metros da porta da basílica vaticana. O Papa sai e cumprimenta as pessoas das primeiras filas.
Giovanni e Marco, ao mesmo tempo, começam a uivar. Deitados no pavimento, uivam. Uivam altíssimo. “Santidade Santidade, estamos aqui”, grita ao Papa uma das duas mulheres tentando atrair a sua atenção. Bento XVI volta-se, mas não se aproxima. Ele vê as duas mulheres e vê, no chão, os dois jovens gritando, babando, tremendo, enraivecidos. Ele vê o olhar de ódio dos dois homens. Um olhar dirigido para ele. O Papa não se perturba. Olha de longe. Levanta um braço e abençoa os quatro. Para os dois possessos é um açoite furioso. Uma chicotada que lhes sacode o corpo todo. Tanto que os projecta três metros para trás e os deixa como que espancados, no chão. Agora já não gritam. Mas choram e choram e choram. Gemem durante toda a audiência. Depois, quando o Papa vai embora, reentram em si mesmos. Voltam a si. E não se lembram de nada.”
“Bento XVI é muitíssimo temido por Satanás. As suas missas, bênçãos, as suas palavras são uma espécie de poderosos exorcismos. Julgo que Bento XVI não faz exorcismos. Ou pelo menos não me parece. No entanto, acho que todo o seu pontificado é um grande exorcismo contra Satanás. Eficaz. Potente. (…)”.
“A maneira como Bento XVI vive a liturgia. O seu respeito pelas rubricas. O seu rigor. A sua atitude. São eficacíssimos contra Satanás. A liturgia celebrada pelo Pontífice é poderosa. Satanás fica ferido de cada vez que o Papa celebra a Eucaristia. Satanás temeu muito a eleição de Ratzinger para o trono de Pedro. Porque via a continuação da grande batalha contra e mantida, ao longo de 26 anos e meio, pelo seu antecessor, João Paulo II.”
“Eu entendo que para ele, o demónio é um espírito que existe, luta e age contra a Igreja. E contra ele. Caso contrário, não poderíamos explicar frases como: “Para aqueles que continuam a pecar sem mostrar qualquer forma de arrependimento, a perspectiva é a condenação eterna, o inferno, porque o apego ao pecado pode levar ao fracasso da nossa existência. É o trágico destino que espera aqueles que vivem em pecado sem invocar Deus. Só o perdão de Deus nos dá a força para resistir ao mal e não voltar a pecar. Jesus veio para nos dizer que nos quer a todos no céu e que o inferno, sobre o qual pouco se fala no nosso tempo, existe e é eterno para aqueles que fecham o coração ao seu amor. ”
“E ainda hoje, infelizmente, constatamos novamente que Satanás foi autorizado a crivar os discípulos, visivelmente, diante do mundo inteiro. E nós sabemos que Jesus reza pela fé de Pedro e seus sucessores. Sabemos que Pedro, através das águas turbulentas da história, vai ao encontro do Senhor e está em perigo de naufrágio, mas é agarrado pela mão do Senhor e conduzido sobre as águas. ”