Que a tua vida não seja uma vida estéril. – Sê útil. – Deixa rasto. – Ilumina com o resplendor da tua fé e do teu amor. (Caminho, 1)
Gostaria de conseguir escolher outro ponto do Caminho, porque, de facto, existem outros que me acompanham muito, mas este é o tal. O que está sempre lá…cá.
Sou doméstica, mãe de 7 e nem sempre é fácil sentir-me útil, porque o tempo não paga contas, não permite voar mais alto e as exigências são cada vez maiores. E se nalguns meios, se fala dos benefícios de ser mãe a tempo inteiro, também é verdade que as concretizações profissionais, as especializações, os cargos brilham muito.
E, realmente, tem de ser assim. De tachos, panelas, fraldas, trabalhos de casa, lavagem de roupa e limpezas, todos sabem o básico, agora de trigonometria, de biomedicina molecular, de nanotecnologia, de cuidados médicos, de contabilidade, de materiais, dessas coisas só alguns sabem.
Às vezes, não me é fácil sentir útil, mas nessas alturas lembro-me muito deste ponto. Não interessa o que eu sinto, tenho de passar por cima disso, e perguntar-me se sou ou não útil. A questão não é se sou lucrativa ou rentável. A questão é que quando cozinho, quando varro, quando faço as camas, quando ponho roupa a lavar, quando arrumo livros, cadernos e brinquedos, quando vou colher flores para a jarra, quando não deixo faltar o essencial na despensa, quando posso ir buscar à escola, quando posso levar ao conservatório a meio da tarde e ficar à espera, quando faço panquecas com os mais pequenotes, sou útil. Sou-lhes útil. O meu tempo é útil a 8 pessoas. Algum rasto vou deixar na vida destas 8 pessoas.