Gosto pouco da palavra “crise”. Logo, é bom de ver, que nos últimos tempos a desagradabilidade foi aumentando e só não me tiranizou de forma absoluta porque eu não o permiti. Faço jus ao conceito de que “talvez eu não possa mudar o mundo, mas de certeza que não vou permitir que o mundo me mude a mim”.
Lamentar, criticar e agitar é desconfortável e a nada conduz. Pensar e agir será o caminho correcto para iniciar um processo de mudança no sentido duma melhoria que a todos beneficie.
Dizer que a juventude está em crise é uma meia verdade que, tanto quanto me é dado saber, já vem de tempos imemoriais nos séculos anteriores à nossa era. Talvez por isso os primeiros filósofos dos séculos V e IV aC deram tanta importância à educação.
O ser humano não é algo isolado à margem do todo, mas pertence, por essência, à comunidade onde vive, na família, na profissão e na sociedade. Logo a educação ou a sua falta vai projectar-se directamente na estrutura social, para o bem ou para o mal.
Educar não é um capricho, uma leviandade, um floreado ou um preconceito, mas um imperativo de todo o ser humano adulto e responsável por tudo o que faz ou devia ter feito, e demitindo-se, deixou por mãos alheias o que a si lhe competia fazer.
Se aos pais, que deram a vida aos seus filhos, cabe a obrigação da educação da sua prole sendo os primeiros e principais educadores, é um facto que todos nós, membros da sociedade, não estamos dispensados de colaborar activamente na sua consecução.
A desafiante e nobre missão de cultivar as virtudes humanas de que todas as sociedades necessitam é obra conjunta dos adultos, pais, avós, restantes familiares, educadores e professores, pois ninguém está dispensado de intervir neste acto de cidadania.
Se queremos o “bem-estar” temos de cultivar o “bem-ser” e o “bem-fazer”. Já Pitágoras dizia que para não termos problemas com os adultos deveríamos dar muita atenção à educação dos jovens.
Na verdade, parece-me que não há tanta falta de educação nos jovens como pode parecer à primeira vista, mas sim uma enorme escassez de educadores e é aqui que o nosso papel de adultos deve entrar para suprir a “crise” ou desaparecimento desta figura indispensável no processo pedagógico que se reflecte no bom comportamento da sociedade, em qualquer latitude ou vicissitude do tempo e do espaço.