Com alguma frequência os acontecimentos sucedem tão perto de nós que não lhes damos a devida importância. Passo a explicar. Há uns dias fui a uma conferência subordinada ao tema: “Fátima Mensagem de Paz”. Fiquei muito surpreendida com a abordagem que o orador fez demonstrando um profundo conhecimento da história de Fátima. Também pelo carinho e entusiasmo que o orador colocou na sua apresentação. Mais me surpreendeu ainda porque não era português. Forneceu a bibliografia que atestava o seu depoimento, nomeadamente as Memórias da Irmã Lúcia, o Testamento Espiritual de S. João Paulo II, entre outros. Deslocava-se a Fátima com alguma frequência no sentido de aprofundar os seus conhecimentos. Também pela parte espiritual, pessoa de muita fé em Nossa Senhora de Fátima. Tocaram-me profundamente, algumas frases que proferiu, entre elas: “Fátima constitui a aparição moderna da Virgem Maria”; “Fátima concede-nos instrumentos que podemos utilizar em qualquer momento já que o rosário tem força para se conseguir obter tudo o que pedimos”; “Devemos utilizar o rosário como arma de paz”, “Fátima protagonista da história da humanidade”. O conferencista recordou a certa altura que os tempos de Deus não são os nossos. Alcançam-se os pedidos solicitados quando o nosso coração estiver preparado. Acrescentou, ainda, que o rosário pode parar qualquer mal e adiantar o bem. Disse igualmente algo que muito me comoveu. “Quando estiveres a rezar o terço, a Virgem e o seu Filho estão contigo. Se interromperes por qualquer motivo, pede desculpa. Pede para aguardarem. Eles esperam”. E muito mais referiu sobre Fátima, mas fico por aqui. No final da conferência, o orador ofereceu um rosário já benzido, tendo ainda acrescentado algo que me tranquilizou imenso. “Se não te for possível rezar o terço por alguma circunstância grave, aperta-o com força e faz o teu pedido com muita fé. Serás atendido com certeza”. Já tinha pensado algumas vezes, e mesmo sentido na pele que por alguma incapacidade momentânea não ter conseguido rezar o rosário. Esta informação foi excelente. Assim podia animar as pessoas que sofrem alguma patologia e não o conseguem rezar ou mesmo os mais frágeis e idosos impossibilitados de o fazer. A Virgem Maria é Mãe, ouve o nosso clamor e atende-nos sempre. Pode demorar mais tempo a obter a graça que pedimos, concede de um modo diferente do que tinhas pedido, mas não deixa de nos atender. Saí pensativa da conferência. Na verdade, a mensagem de Fátima, assume um papel de protagonista na história da humanidade a nível mundial fomentando a devoção a Nossa Senhora de Fátima e aos três pastorinhos.
Apesar destas palavras tão animadoras, tenho andado mais inquieta nestes dias face ao surgimento de uma doença inesperada de um familiar. Cedo, cedo, me apercebi de que há pessoas a sofrerem muito, por diferentes motivos em silêncio. Quando partilhava a minha preocupação com uma amiga já com alguma idade, soube que ela atravessava momentos muito complicados sem nada dizer. Fiquei sem palavras. Numa altura em que devia usufruir de alguma paz, Deus não a poupava a diferentes desgostos e preocupações. Animei-a conforme me foi possível. Interiormente, pensei: “Tenho constatado tantos idosos em sofrimento. Algumas vezes em situações limite e em solidão. Quer seja por motivos de saúde, de guerra, por não terem família, de escassez económica, de solidão”. Cada vez acho mais importante promover as relações intergeracionais e, se possível, um convívio fraterno, quer seja em centros de dia, na promoção de diferentes atividades direcionadas para este grupo-alvo, visitas ao domicílio quando se encontram debilitados, entre outros, procurando-se, de algum modo, suprir a solidão e o isolamento em que se encontram, como se fossemos uma família alargada.
Recordei algumas palavras do Papa Francisco: “O Senhor conhece cada uma das nossas tribulações deste tempo. Ele está junto de quantos vivem a dolorosa experiência de ter sido afastado: a nossa solidão agravada pela pandemia não O deixa indiferente”. Mesmo quando tudo parece escuro, o Senhor continua a enviar anjos para consolar a nossa solidão, repetindo-nos: “Eu estou contigo todos os dias”. O Papa Francisco recorda que o anjo enviado por Deus pode ter o rosto de um familiar, de um conhecido. Também nos envia as suas palavras através da Palavra divina. Cada dia, leiamos uma página do Evangelho. Ficaremos comovidos com a fidelidade de Jesus. Acrescentou ainda que ninguém se salva sozinho. Somos devedores uns dos outros. Todos irmãos. Referiu igualmente: “Qual a nossa vocação na nossa idade? Salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos”. A proximidade de Jesus dará – mesmo aos mais frágeis de nós – a força para empreender um novo caminho pelas estradas do sonho, da memória e da oração.
Concluo este artigo denominado “Fátima Enquanto Protagonista da História da Humanidade”, com uma frase do Papa São João Paulo II, proferida em 13-V-2000, por ocasião da beatificação de Francisco e Jacinta Marto que iniciou uma nova era para a Igreja: “Eu te bendigo, ó Pai, porque revelaste estas coisas aos pequenos. O louvor de Jesus toma hoje a forma solene de beatificação dos Pastorinhos Francisco e Jacinta. A Igreja quer, com este rito, colocar sobre o candelabro estas duas candeias que Deus acendeu para iluminar a humanidade nas suas horas mais sombrias e inquietas… Que a mensagem das suas vidas permaneça sempre viva para iluminar o caminho da humanidade”.