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Crianças que não crescem

  • Outubro 16, 2022
  • Religião
  • José Maria C. da Silva André

Um dos maiores bancos mundiais, com um volume de negócios superior ao de muitos países, costuma fazer uma sondagem de opinião aos que fazem estágios de Verão no banco, em que perguntam todo o tipo de coisas. Este ano, foram 37 mil pessoas, metade homens, metade mulheres, de numerosos países, geralmente entre os 20 e os 30 anos. Apenas 40% manifestaram interesse em casar ou ter um relacionamento de longo prazo com alguém.  Uma fracção ainda mais pequena —apenas 25%— gostaria de ter filhos.

De todos os lados nos chegam informações semelhantes. As estatísticas portuguesas, parecidas com as de outros países europeus, registam habitualmente 70% divórcios em relação ao número de casamentos. Em anos recentes, em que houve menos casamentos por causa da pandemia, a percentagem de divórcios subiu acima de 90%.

Não admira que a maioria das crianças nasça hoje «órfã de pais vivos», como dizia João Paulo II. Isto é, quando nascem, os pais já não vivem em comum.

Poderíamos acrescentar mais dados que mostram que a nossa sociedade foi sujeita a uma infantilização em larga escala, como talvez nunca se tenha visto na história. A maioria das pessoas chega à idade adulta sem maturidade suficiente para constituir família.

É frequente encontrarmos na rua cortejos de alunos, recém-entrados na universidade, a berrar palavrões e a pintarem a cara uns aos outros. Não presenciei abusos violentos, mas esse divertimento lembra crianças de 3 anos num jardim-escola. Em princípio, uma criança com 10 anos já ultrapassou esta fase, mas universitários com 18 anos ainda se divertem assim…

Poderiam multiplicar-se exemplos, cada vez mais variados. A conclusão é que há, de facto, um problema grave de infantilismo na nossa sociedade.

Vale a pena sublinhar o valor apenas estatístico desta afirmação. Quando ouvimos dizer que alguém sofreu um acidente automóvel de que resultou uma vítima mortal, não concluímos nada acerca da responsabilidade dessa pessoa: pode ter toda a culpa, pode não ter culpa nenhuma, ou pode ter uma culpa reduzida. No entanto, quando, numa sociedade, metade das pessoas teve um acidente com vítimas mortais, podemos afirmar que nessa sociedade não se conduz habitualmente com a prudência devida. Analogamente, quando olhamos para os números dos divórcios ou para outras estatísticas, temos de reconhecer que há um grave problema colectivo, sem fazermos apreciações individuais.

Estamos a assistir, porventura com surpresa, à decadência das sociedades pagãs tal como é descrita na epístola de S. Paulo aos Romanos. Começa-se com um desleixo aparentemente pequeno e depois resvala-se de degradação em degradação, até banalizar o homicídio, a infidelidade à família, gerando-se uma tal confusão que as pessoas já não distinguem coisas simples, como um homem e uma mulher, e chegando a desrespeitar o próprio corpo em relações contra-natura.

O aborto, introduzido em muitos países a pretexto de «resolver» casos difíceis, neste momento alargou-se nalguns países mais desenvolvidos ao infanticídio. Em Portugal, a eutanásia, que pretende «resolver» casos difíceis, está a ponto de ser legal. E, em vários países desenvolvidos, o aborto ou a eutanásia, que começaram por ser uma opção «livre», passaram a ser obrigatórios, com penas para os funcionários que se recusarem a praticar estes actos.

Está à vista que a decadência moral gera infantilização colectiva e cegueira intelectual.

Não será o momento de alterar alguma coisa, para evitar este declínio?

A penetração da ideologia de género nas escolas gerou tal confusão que muitos jovens portugueses já não sabem se são rapazes, se são raparigas. Infelizmente, a reacção do Parlamento português, e de alguns outros países, é agravar a situação, preparando-se para promover a alteração do corpo das crianças, sem autorização dos pais, mudando-lhes o sexo e tornando-as estéreis.

Não é altura de corrigir algumas loucuras? O Papa Francisco bem avisa que a ideologia de género é uma das maiores tragédias dos nossos dias.

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