A “Cimeira do Clima COP27” no Egito sobre uma alegada desordem nos climas mundiais, pede reflexão sobre a des-natureza em avanço. Será o caos atual do clima provocado pelos desmandos humanos? O facto de se realizar onde “Aquele que é” deu um código de dez normas de ordem e de vida à Humanidade é já uma mensagem em relação aos desmandos dos que rejeitam o Autor da criação e da ordem natural e optam por falsos códigos de desrealização do real.
Perguntava-me há dias um amigo: que dizer a alguém que nega as coisas reais e afirma as irreais, e ainda coloca você no grupo das vozes a apagar? Pais e mães de família perguntam-se inquietos que pensar de certas conversas dos filhos. A menina chega a casa e diz: mãe, eu agora já não sou uma menina sou uma gatinha? Na mitologia do género ensina-se a cada um a escolher a natureza que quiser. E não adianta contrariar. Em pequenos grupos acompanhados por um prefeito da escola de jovens da minha Ordem, ia ajudar a servir as refeições a doentes mentais. Tínhamos algumas surpresas. Um deles, ao ver o prato disse, convicto: não sei para que põe aí a comida. Não tenho boca, estômago, intestinos, nada? E passava a mão pelo corpo a demonstrar o que dizia. Não adiantava contrariá-lo. Mais tarde, no estudo dos transtornos mentais da psicopatologia, vieram os termos desses sintomas: complexos de despersonalização, desrealização e perda de contacto com o real, e negação do corpo e do próprio pensar.
Vigora por aí a “canceal culture” ou pressão para apagar a influência de alguém que nega posições irrealistas ideológicas de cientismos agressivos. Será ostracismo para formatar cidadãos ideologicamente corretos? Os cientistas resistentes correm o risco de ser apagados ou agredidos por lobbies e redes de algoritmos ditatoriais. As pressões para aceitar o irreal negam a identidade das coisas e a ciência do real. Negam a distinção entre o bem e o mal, entre a verdade, o erro e a mentira.
Tudo a pretexto de liberdade. Esta seria escolher ser cada um o que quiser e forçar outros a aceitar mesmo a desrealização doentia, na ilusão de que o próprio corpo está separado de si e não é seu. Não vamos equiparar os sintomas pessoais dos diagnósticos psicopatológicos com os fenómenos culturais que por aí pululam, mas pode haver analogias e misturas em que cultura louca interage com transtornos individuais. São conhecidos alguns efeitos de drogas químicas, o Bloom, por exemplo, que provocam delírios de negação da natureza real; os afetados chegam a voar de um piso ou muro alto para o chão convencidos que o seu corpo não pesa.
Será que esta onda brinca às ideologias sociais? Serão patologias individuais a contagiar o caos cultural? Talvez negacionista não seja o termo adequado para grupos que afirmam e fazem afirmar que a terra é plana, não redonda, ou que a natureza do corpo humano deixa liberdade para a mudar a identidade? Será inquietante se a “droga” das redes digitais se associa a fenómenos culturais desnaturantes e ponha cientismos loucos em vez de conhecimentos científicos.
Esta des-natureza não apagará a verdade das classificações científicas da realidade e o seu conhecimento, mas pode provocar ansiedades, depressões e sofrimentos agravados pelas incertezas e contradições entre fontes científicas e as alternativas ideológicas. Os desmandos da mentira destroem a verdade do real, semeiam o caos ecológico, desnaturam e corrompem a natureza e as pessoas. As poderosas redes de informação detêm mais poder poluidor caótico sobre a natureza que os Estados.
É de esperar que os trabalhos da “Cimeira COP27”, a decorrerem na península onde Moisés recebeu os dez mandamentos, se inspirem no potencial de ordem do Cosmos que esse código representa. A rejeição e apagamento do seu Autor só poderá trazer para a Humanidade mais caos e desrespeito pela vida, ordem e natureza. Do ponto de vista da fé cristã, as mentiras dos cientismos não podem apagar a verdade; nem a desordem, as ciências da natureza. Einstein deixou o alerta: “Deus não joga aos dados” (ao acaso) ao afirmar que há ordem e harmonia em tudo o que existe e funciona. E Jesus Cristo declarou que o demónio é o pai da mentira. E ainda: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Sem verdade não há método (caminho) científico.
Funchal, Novembro de 2022