O tempo corre sempre
De repente para… Como parou
Aos nossos avós, pais e amigos próximos
Quanto, o tempo, a eles significou?
Uma vida, traduzida numa fração de segundos
Anos… agora nada mais significam.
Com o avançar da idade, questionamentos surgem mentalmente: Quanto de tempo a mim resta? Certamente não o tanto pelo qual já passei; momentos traduzidos em dias e o seu passar em anos; estágios agrupados decifram a tua idade cronológica.
Muitas vezes indago, a mim próprio, o quanto vale esta preocupação? Num tempo anterior, considerava-me imortal; hoje a certeza leva à finitude, circunstância que jamais deveria ter sido olvidada. Chega de questionamentos! Ainda resta caminho a percorrer e a mim não pertence o debulhar pensamentos negativos e contraditórios.
Somos de uma geração do tempo de antigamente; que lia gibis, fotonovelas na Revista Capricho, almanaques de remédio e livrinhos de estórias. O termo estória não aparece em grande número de dicionários. Na verdade, estória é um neologismo, criado por João Ribeiro (ABL) em 1919, para designar, no campo do folclore, a narrativa criada ou inventada pelo povo. Já história é não ficcional e escrita. As estórias de Batman e Super-Homem, que o cinema reeditou, com altíssima bilheteria, foram contadas em gibis, os quais, depois de lidos, eram trocados entre os jovens.
Cito a questão da geração, supra, apenas como paradigma ao que hoje somos e representamos. Muitos de nós não acompanharam o desenvolvimento da geração posterior aos nossos filhos. O número de pessoas com menos de 35 anos é elevado e deles pouco conhecemos, ao menos quanto a mim.
Quem sou eu, no tempo atual? Para as gerações que seguiram, sou o homem que mora nos fundos do Amuletu. Por muito tempo conhecido como o “Homem dos Cachorros”, pois aqui em casa sempre desfilam de cinco a seis cachorros pelo pátio. O casal de chow-chow deu causa ao cognome.
Sou um alguém que pesquisa e escreve sobre a história de Montenegro, em busca das estórias que o povo conta. São buscas importantes, mas aos futuros que nos seguirem. É com o desenvolvimento da idade que a nostalgia a nós chega; então as pesquisas e os escritos serão lidos pelos, hoje, jovens. Disso sei, traduzindo conforto ao tempo despendido.
Notem, amigos, que é sempre o TEMPO; os anos que já passaram e o quanto de tempo representam neste momento? Pouco importa a nossa idade neste exato momento. Se olharmos os anos, praticamente nada significam; apenas o lançar d’olhos sobre o passado; o tempo da lembrança. O que importa é o hoje.
“Tempo é alguém que permanece/ Misterioso impenetrável/ Num outro plano imutável/ Que o destino desconhece/ Por isso a gente envelhece/ Sem ver como envelheceu/ Quando sente aconteceu/ E depois de acontecido/ Fala de um tempo perdido/ Que a rigor nunca foi seu” – música e letra de Jayme Caetano Braun.