Jorge Scala, advogado argentino, defensor pela causa da vida e da família, no seu livro “IPPF – a multinacional da morte”, desvenda os interesses das instituições que promovem o aborto, a esterilização e a anticoncepção, como meio de dominação política nos países do chamado Terceiro Mundo. Desmascara as mentiras – tantas vezes repetidas que passam a ter aparência de verdade – sobre a “explosão demográfica”, o “esgotamento de recursos”, a “escassez de alimentos” e a “defesa do futuro” entre outras.
O autor expõe minuciosamente a mentalidade eugénica, já anterior ao nazismo mas ainda hoje presente, segundo a qual os pobres, por serem geneticamente inferiores, não devem reproduzir-se por constituírem uma ameaça à espécie humana.
Apresenta com lucidez as leis da demografia e descreve o “Relatório Kissinger”, a cartilha do imperialismo contraceptivo norte-americano, escrito em 1974 e mantido confidencial na Casa Branca até 1989, no qual é traçado um plano minucioso para conter a população do mundo, que, segundo o autor, constitui uma ameaça à “segurança” e aos “interesses externos” dos Estados Unidos.
Referindo a história das sucessivas conferências internacionais nas quais se tentou impor o aborto aos países em desenvolvimento: Bucareste (1974), México (1984), Rio de Janeiro (Eco 92), Cairo (1994), Pequim (1995), revela a verdadeira face das Nações Unidas e das suas agências, com interesses obsessivos pelo controle demográfico.
Denuncia as instituições financeiras que emprestam dinheiro com a condição de que os países devedores tomem medidas para conter o crescimento de seu povo. O modo de agir da IPPF é descrito com minúcia, incluindo as estratégias de interferir na legislação dos países por meio de um gigantesco “lobby”, o Grupo Parlamentar Internacional (GPI), a fim de favorecer o controlo demográfico.
Quem lê este livro percebe porque a anticoncepção é antinatural. Entende que os dois significados, o unitivo e o procriador, do acto sexual, não podem ser separados sem ofensa à natureza humana. Entende o conceito de aborto e de eutanásia e os argumentos usados pela Igreja para condenar ambos. E entende claramente como o desrespeito pela vida vem sempre acompanhado do desprezo pela família. De facto, os defensores do aborto e da eutanásia também defendem o divórcio, o homossexualismo, a prostituição, a pedofilia e a pornografia, bem como outras formas de agressão.
Na linguagem corrente, costumam-se identificar como sinónimos os termos “controlo de natalidade” ou “planeamento familiar” com “paternidade responsável”. Errado. A paternidade responsável é a livre, ponderada e generosa decisão dos cônjuges de ter uma família numerosa, ou a de evitar um novo nascimento durante algum tempo ou por tempo indefinido, sempre que existam graves motivos e para tal se utilizem meios naturais. Ao contrário, o controlo da natalidade é o conjunto de acções executadas pelo Estado e organismos paraestatais (dependências das Nações Unidas, multinacionais, organizações não-governamentais etc.) cuja finalidade é provocar o decréscimo da taxa de natalidade em determinadas regiões ou países.
O planeamento familiar é o conjunto de medidas tomadas para o espaçamento dos filhos, tendo em conta para isto razões de todo tipo — quase nunca de acordo com a ordem moral objetiva — e para o qual se utilizam em geral métodos contraceptivos químicos ou mecânicos, cujo mecanismo de ação é, em alguns casos, impedir a fecundação, e na maioria das vezes provocar a morte do ser humano concebido mas ainda não nascido; para tais fins, também utilizam a esterilização e o aborto.
O planeamento familiar é promovido pelos fabricantes de anticoncepcionais, ginecologistas, os autodenominados educadores sexuais ou sexólogos, psicólogos e psicanalistas; na prática o planeamento familiar é um instrumento dos agentes do controle de natalidade.
A paternidade responsável é uma atitude racional e digna do homem, frente ao mistério da transmissão da vida humana. O controlo da natalidade e o planeamento familiar são instrumentos de dominação de uns homens por parte de outros.
São muitos os grupos de organismos que actuam perfeitamente inter-relacionados, mas com âmbitos e modalidades operativas próprias: Os organismos multilaterais de crédito, em especial a Agência Internacional para o Desenvolvimento (AID ou USAID), o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que condicionam toda a ajuda económica externa ao cumprimento das metas demográficas pautadas em cada empréstimo.
Alguns organismos dependentes das Nações Unidas, principalmente a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Fundo das Nações Unidas para Atividades em População (FNUAP), o Fundo das Nações Unidas para a Cultura (UNESCO), a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), exercendo coação ao nível dos governos, a fim de que adoptem políticas de controlo de natalidade. Supervisionam os programas financiados nacional ou internacionalmente, destinados à saúde “reprodutiva” — ou seja, a implantação do planeamento familiar nos hospitais públicos — e a educação em matérias de saúde, população e sexo. “Capacitam” funcionários, agentes sanitários e sociais e educadores, para que os executem.
Os Grupos Parlamentares Internacionais, verdadeiros lobbies integrados por legisladores e ex-legisladores dos países, cuja função é coagir os seus pares e os funcionários dos poderes executivo e judicial, a fim de que adoptem nos respectivos âmbitos, as políticas de controlo populacional. Para isso abrem clínicas onde se realiza todo tipo de actividade contraceptiva (incluindo abortos e esterilizações, se a legislação local o permite; caso contrário, lutam pela despenalização de ambos).
Enfim, um verdadeiro filme de terror, do qual é importante ter conhecimento para se poder pensar e discernir sobre a face oculta duma aparente liberdade.