“O próprio viver é morrer
porque não temos um dia a mais na nossa vida
que não tenhamos, nisso
um dia a menos nela” (Fernando Pessoa).
Não sou dado a fazer panegíricos de pessoas que deixam este mundo, um pouco antes de nós próprios. Inquestionável que somos seres finitos; experimentamos uma trajetória de vida após o nascimento até um derradeiro momento. Nada mais que um tempo, um nada a quem partiu e uma recordação a nós que ainda permanecemos.
Não tenho certeza, mas sua chegada a Montenegro remonta ao final dos anos 50 ou início de 60, do século passado. Ubirajara Resende Mattana nasceu em Caxias do Sul, onde passou sua infância e parte da juventude. Cursou medicina em Curitiba/PR. Ao depois da residência chegou-se à terra de São João, para abrir consultório, clinicar e criar família.
Certo dia adentrou na loja, para se apresentar; estava hospedado no Hotel Montenegro, em busca de um local para montar o consultório. Na loja sabia-se de tudo. O seu Jean Moundilius, um grego, estava fechando a loja que locava na parte fronteira da casa do casal Bruni e Aloísio Walter. Lá foram os dois, olhar o local; quando o seu Arno voltou, a locação estava acertada.
Assim começou o sacerdócio do Dr. Mattana por nossas terras. A casa, hoje de minha propriedade e onde residimos, pertencia ao irmão do Bruno Schneider, dono do Hotel Montenegro. Este cidadão locou o hotel de São Sebastião do Caí e alugou o este prédio para o seu Thompsen. Ele, por sua vez, depois de algum tempo, comprou o terreno e uma velha casa, acima da nossa loja (onde morou a Sinhá Otília, por muitos anos); lá construiu uma nova e mudou. Mattana aproveitou a oportunidade veio a morar neste imóvel, por locação; agora já casado com a dona Ivone.
A nossa família tornou-se cliente do doutor, que nada cobrava pelas consultas. Isto é importante salientar, porque o Dr. Ubirajara era um filantropo – sabia que nossa família lutava com dificuldades no início da atividade comercial – de todo verdadeiro. Mas as compensações existem.
Abrindo um parêntesis: O seu Valdivino, conhecido por seu “Nene”, pai da dona Naura Boos e avô da Sarita e Adel Boos, era proprietário de um grande terreno, a começar na casa dos Walter até os Kolberg, subindo para os terrenos acima, na rua João Pessoa. Não vendia por nada do mundo; mas acabou vendendo um terreno para o Dr. Mattana, depois que a Sociedade Floresta mudou sua sede para a rua Flores da Cunha.
No ano de 1966, o nosso médico, em póstuma homenagem, foi fazer especialização em anestesia no Hospital.