Aqui há muitos anos, quando eu dava aulas, no início do segundo período escolar, na primeira aula a seis de janeiro, começávamos sempre com um texto de Júlio Dinis, chamado, precisamente, o Desfazer do Presépio. Não encontrei o livro pelo que não vou citar ipsis verbis, as palavras autênticas, mas semelhantes…
Era assim: “ Eu não me lembro de coisa mais triste do que arrumar cada peça do presépio na arca e por um ano. Que tristeza sentia.”
Todos gostavam e teciam diversos comentários que as pecinhas lhes sugeriam.
Hoje fiz o mesmo, mas, engraçado, não sinto nem tristeza nem saudade. Pelo contrário: Alegria!
Quem diz que o presépio tem de ficar escondido por um ano?
Pelo contrário, guardado no nosso coração, bem ao pé de nós. E se fizermos a experiência de cada semana, cada mês, irmos buscar uma peça e aproveitarmos para fazer oração? Não é preciso começar pelas peças mais importantes. Sejamos humildes como o são as personagens do presépio. Eu, talvez pelas vezes em que São José Maria se referia ao burrico, gosto de começar por ele.
Começar com um asno é um encanto! O meu é cinzento, de orelhas bem espetadas, atento…trabalhador, o tempo que for preciso, não se dando conta do que consegue, com o seu passo aparentemente monótono, igual horas a fio…E os resultados? Espigas, pão, flores, jardins coloridos, árvores que nos abrigam em dias soalheiros e bem quentinhos.
O que isto me ajudou? Sou trabalhadora e humilde!
Amanhã, para a semana, vou buscar ao meu coração outra peça. Se for o Menino Jesus, tenho tanto para dizer e para ouvir.
O presépio ao longo do ano, que tal?