O tempo escoou/ marcou e desmarcou/ a data … O evento/ a frase de alguém/ que dentro do tempo gritou/ as coisas que lhe iam n’alma.
Tudo efêmero…como efêmera a vida./ Perpetuo, somente os atos, as ações/ brindando o bem-querer/ a amizade/ inequívoca demonstração/ da grandeza da alma (EAL).
O ser humano está inserido num universo, delimitado no tempo-espaço. Podemos ganhar novos espaços, circunscritos às fronteiras do próprio deslocamento. Somos os que seguem, até chegar o momento de parar. Por isso, sedentários. Já o tempo, nos envolve dentre dois limites: a concepção e a finitude.
Recordar implica em esticar o tempo e dar causa ao passado; revivendo-o no tempo presente. Quando recordo, minha imaginação ganha asas e remonta espaços, sem sair do lugar. Nada mais é do que viver novamente.
Moleque de rua, a correr pelo campo de futebol do Operário, recolhendo tampinhas dos refrigerantes Wilco; elas seriam trocadas por cupons, para concorrer a prêmios, lá no escritório da Rádio Montenegro, localizado na Ramiro Barcelos, ao lado da Barbearia do Vianna (prédio do Hotel do Vicente Froener, depois Spohr).
Foi lá que conheci o Osvino Löhder, gerente da radio. Sabia da sua amizade pelo meu tio Arnoldo, tragicamente falecido, alguns anos antes. Mas pessoalmente só fui conhecê-lo naquela oportunidade. Com o andar dos anos, as fronteiras do meu andar ganharam amplitude e consolidei minha amizade com o Osvino, até os seus últimos dias.
Vim para Montenegro no ano de 1949. Nasci em São Leopoldo e morei na Vila Scharlau até os meus 3 anos de idade. Com a morte do tio Arnoldo, meu pai associou-se na fábrica por ele deixada e surgiu a Lauer & Kauer, fabricaente de malas, baús, pastas, carteiras e artigos em couro. Fomos morar com o meu avô, lá na rua Dr. Flores, onde hoje é o Supermercado Emanueli.
O vovô Kauer levava-me ao Frigorífico Renner, onde comprava carne, salame e patê. Foi no varejo que pela primeira vez coloquei os olhos no Bebeto Koetz. Figura simpática e sempre sorridente. Ele também cuidava da Bomboniére do Goio En e depois do Cine Tanópolis. Foi um grande e leal amigo; gremista de coração.
Nós somos parentes da família Dhein, que morava na esquina da Bento com a Olavo Bilac. A tia Elsa tinha 3 filhos: Orlando, Rudi e Erni. A minha amizade sempre foi maior com os dois primeiros. O Erni, que era bancário, saiu cedo de nossa cidade.
O Rudi, conhecido como “Baixinho Dhein”, começou como mecânico na Oficina do Delfino Schüler. Depois, constituiu sua própria firma. Era um baixinho divertido, sempre pronto e solícito. Alegre por natureza, tinha no largo sorriso sua marca registrada.
No efêmero da vida, ganham-se amizades duradouras. Evidente que a amizade acaba, quando as pessoas se vão. Não se pode deixar passar em brancas nuvens, a amizade que se consolida durante o tempo de vida. Sentimento em que pessoas demonstram o bem-querer mútuo, cimentado entre as relações pessoais.