Quando me falam da “democracia”(???) praticada no Brasil, tão valorizada, falsamente, pela esquerda, e pela direita e, principalmente, pelos seus dois novos “guardiões”, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, com seus “inquéritos do fim do mundo”, e o novo Ministro da Justiça do Governo Lula, Flávio Dino, com seu “Ministério da Verdade”, e me colocam, como alternativas , frente a BOLSONARO ou LULA, para que eu opte por um dos dois para governar o Brasil, a minha desagradável sensação é igual a que eu teria se o meu país fosse condenado à morte, e me dessem o direito de escolher a sua “execução” entre o enforcamento e o esquartejamento.
Difícil escolha, não? Mas sem outra alternativa, preferi nas eleições presidenciais de 2018 e 2022 a morte menos “sofrida” para o meu país, o “enforcamento”, representada pelo “capitão”.
A situação eleitoral do Brasil, e a sua “democracia”, me levam a trazer à baila os ensinamentos de Aristóteles, e do geógrafo e historiador Políbio, ambos da Grécia Antiga. Aristóteles classificava as formas de governo em formas PURAS e IMPURAS. Nas primeiras (PURAS) estariam a MONARQUIA (governo de um só), a ARISTOCRACIA (governo dos melhores), e a DEMOCRACIA (governo do povo pelo povo). E dentro das formas IMPURAS, que respectivamente seriam formas degeneradas das formas puras, estariam a TIRANIA (degeneração da monarquia),a OLIGARQUIA (corrupção da aristocracia) ,e a DEMAGOGIA (deturpação da democracia).
Quase dois séculos mais tarde, partindo dos estudos de Aristóteles, Políbio manteve a mesma classificação, mas substituiu a “demagogia” pelo que ele chamou de OCLOCRACIA, que seria um vício da democracia muito mais abrangente que a simples ”demagogia”, embora a incluísse, e que seria praticada num meio desprovido de consciência democrática verdadeira, pela massa ignara em benefício da pior escória da sociedade, dos falsários atraídos a fazer politica.
Analisando a nominata de candidatos enfiados “goela abaixo” do povo brasileiro, pelos seus partidos políticos, nas eleições de 2022, sem dúvida alguma a conclusão é a de que o povo brasileiro vive em pleno regime da OCLOCRACIA, que incluiria a chamada “cleptocracia”, governo de ladrões. Ora, dois candidatos chegaram à “final”, disputaram um segundo turno em 30 de outubro de 2022, e um foi eleito, Lula. Mas nem importando os “finalistas”, nem qual o vencedor, ou a relação de todos os candidatos, nada disso descaracteriza o império da OCLOCRACIA no Brasil.
Contra Lula, tem todo um ”passado”, e diversas condenações judiciais, que bem comprovam quem ele é. Mas Bolsonaro também tem os seus “senões”, apesar do seu combate à corrupção dos “outros”.
Bolsonaro venceu a eleição na Região Sul. Mas o que ele fez com o Rio Grande do Sul durante o seu governo foi imperdoável.
Através de uma ação excepcional dos órgãos ambientais do RS, com base em estudos do “Greenpeace”, dos pescadores artesanais e industriais, armadores da pesca, deputados e Governo do Estado, e considerando a devastação da pesca pelo “arrastão” nas águas do litoral gaúcho, foi promulgada a lei estadual Nº 15.223,de 2018,proibindo a pesca do arrastão e estabelecendo a “Política Estadual de Desenvolvimento Sustentável da Pesca”, nas 12 milhas náuticas da faixa costeira do RS. Por ser o “chão” do mar da costa gaúcha totalmente “liso”, sem obstáculos, presta-se à pesca de arrasto de camarões, mas acaba dizimando toda a fauna marítima por onde passa. Segundo o “Greenpeace”, cada dia de pesca de um só barco “arrasta” área equivalente a 5 mil campos de futebol.
A pesca e os peixes retornaram ao litoral gaúcho. Os gaúchos festejaram. O “arrasto” era feito só pela grande indústria da pesca de Santa Catarina, que “buscava” 70% dos camarões no mar gaúcho.
Bolsonaro venceu em outubro de 2018. E nomeou o empresário da pesca de Itajaí/SC, Jorge Seif, um dos maiores interessados no “arrasto”. Como Secretário da Pesca, aprovou a retomada da pesca de arrasto, em detrimento da lei gaúcha. Jorge Self foi eleito senador por SC em outubro de 2022.
“Mexendo com os pauzinhos”, a dupla Bolsonaro e Self conseguiu uma ADI no STF para derrubar a lei gaúcha, alegadamente por ser da União a competência privativa para legislar sobre pesca, o que não é verdade, por ser essa competência “concorrente”. “Coincidentemente”, essa ação caiu nas mãos, como Relator, do Ministro Cássio Nunes, que recém tinha tomado posse, indicado por Bolsonaro. A liminar foi deferida em dezembro de 2020,e até hoje depende de julgamento pelo Plenário do STF. É por isso que muitos dizem que quem governa realmente é o Supremo. Por ação ou omissão.
Não fora a corajosa ação da Justiça Federal do Rio Grande do Sul, inclusive do TRF-4,mesmo após a liminar de Cássio Nunes, que concedeu diversas liminares contra a pesca de arrasto no RS, a essa altura o mar do RS estaria totalmente vazio de peixes.