Os avanços tecnológicos conduziram à utilização da inteligência artificial em, praticamente, todas as áreas da vida.
A sofisticação dos processos de simulação da inteligência humana, a chamada inteligência artificial, tem levantado diversas questões sobre a sua evolução, a sua utilidade ou a eventual submissão dos seres humanos a estes processos. A questão de até onde a inteligência artificial pode ir, permanece na vanguarda da problemática ética.
Este progresso levou, por exemplo, ao desenvolvimento de teorias que defendem um futuro em que os robôs não são apenas iguais, mas superiores aos seres humanos, ou até mesmo à desintegração do conceito de ser humano, nomeadamente no que toca a realidade da morte e da procriação natural.
Mesmo que um sistema de inteligência artificial inclua uma percentagem muito elevada de alterações no seu sistema, nunca podemos programar a enorme variedade de contextos que nascem com o ser humano e que com ele se desenvolvem. Há fins que não podemos criar sem viver, e isto só é possível devido à infinita potencialidade que nos dá o espírito, o nosso conhecimento imaterial. No ser humano, o conhecimento, embora ligado a uma matéria orgânica, não é limitado por ela, devido à sua imaterialidade que a transcende.
Os seres humanos não podendo saber tudo, podem mostrar interesse em sabê-lo; embora sejam limitados, uma vez que não podem substituir a Criação ou a própria evolução do universo. De facto, as mutações naturais continuam a ser um enigma para o Homem. Não podemos programar a evolução, embora possamos conceber dispositivos engenhosos para resolver problemas específicos.
Para além de tais experiências serem ou não realizadas, a ideia subjacente a tais teses baseia-se numa concepção completamente materialista do ser humano e levanta também certas questões morais e éticas: é possível criar liberdade, são os automóveis autónomos moralmente responsáveis? Em última análise, uma máquina não é livre, pelo que não pode ser responsável pelas suas acções. Falar de “ciborgues”, ou seres “humanoides” com intelectos programados, acaba por se resumir à teorização de uma nova espécie de escravos com infinitas possibilidades, mas sem liberdade ou responsabilidade.
O desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial e tecnologia biogenética trouxe uma variedade de questões na avaliação ética dos próprios processos, que vão desde a leitura da nossa utilização de dispositivos móveis e o processamento destes dados em padrões de consumo, que são vendidos à indústria de marketing, até à questão do transhumanismo.
Aqui temos de distinguir entre ficção científica, como pensar que o ser humano é apenas matéria ou considerar a possibilidade de melhorar o ser humano, através da genética, nanotecnologia, robótica, inteligência artificial. O desafio consiste em ver onde estão os riscos, orientar a ciência e a tecnologia ao serviço do bem para a Humanidade.
Existe também uma relação entre o transhumanismo e a ideologia de género, considerando a natureza humana como algo não dado, nem criado, mas como auto-construído através da “minha consciência”, do “meu desejo” e da “minha auto-determinação”, para ser aquilo em que me quero tornar.
Com a dissolução dos géneros e dos sexos, segundo estas ideologias, no futuro não haverá homens nem mulheres, mas ciborgues, os quais não terão sexo.
Transumano é uma concepção de um ser humano melhorado e aperfeiçoado, ou de um ser pós-humano e pós-sapiens. Seria um humano superior e mais inteligente, por meio da criação de implantes neurais que permitam a interação com computadores pelo pensamento, e o uso de drogas capazes de manipular o cérebro humano, melhorando a cognição, a memória e a concentração.
O transumano, desta forma, estará mais próximo de um ciborgue: meio humano, meio máquina. Ele poderá surgir da aceleração da evolução de várias ideologias, mas os perigos que lhe estão subjacentes são uma preocupante incógnita para a toda a humanidade.
A ideia de nos tornarmos transumanos imortais pode parecer muito interessante e convidativa, mas traz implicitamente muitos riscos e inúmeras discordâncias científicas, morais, espirituais e filosóficas. Um dos principais perigos será o de um pequeno número de cientistas dar início a uma “raça superior”, enquanto a maioria da humanidade, nós, os humildes mortais, se transformariam numa sub-raça.