Está agora em moda falar-se dos avós: do seu papel na família, no apoio que dão aos filhos que trabalham, na disponibilidade para tomar conta dos netos, etc., etc.
Muitos há que deixaram de ter vida própria para se dedicarem exclusivamente a essa tarefa, pois todos os dias às oito da manhã, lá está a “encomendinha” à porta. E até que horas? Sabe-se lá… dezanove horas, vinte horas, depende dos afazeres dos pais. Mas os avós, neste caso especialmente a avó, recebe-a sempre com um sorriso, e durante o dia não pára. É um passeio até ao jardim, é o almoço preparado com todo o carinho, a sesta, e à tarde são os jogos, as brincadeiras, o banho, o jantar. Quando o pai ou a mãe chegam, a “encomendinha” está pronta para ir dormir o sono dos justos até ao dia seguinte.
Mas os anos passam inexoravelmente… A avó já não tem as forças e a ligeireza de antigamente… Aí começa a segunda idade dos avós, bem mais penosa e triste. Já ninguém precisa dela, já ninguém tem tempo para ela. Os filhos, atarefados com o seu trabalho, quando chegam a casa vêm tão cansados…
Não há tempo, para um telefonema a saber se está tudo bem com os pais… Os netos (aqueles que ela tanto acarinhou) aflitos com os estudos, a faculdade, o desporto, as discotecas, os namoros, lembram-se lá da avó e do avô! Uma vez por outra, ao Domingo, dão lá um salto… E a vida torna-se uma solidão terrível, a perspectiva do lar que já não é o seu, começa a vislumbrar-se num horizonte próximo, e a tristeza adensa-se. O que é que a espera? Interroga-se.
Não permitamos que isto aconteça! É uma crueldade enorme e uma ingratidão sem limites. Precisamos de garantir, sobretudo, que os nossos idosos nunca se sintam inúteis, sem o seu lugar na família e na sociedade que também é deles, que eles ajudaram a construir para nós. Se cada um vivesse a caridade que é lembrada nas Obras de Misericórdia – visitar os doentes, acompanhar os que estão sós – como tornaríamos mais feliz o final de vida dos nossos avós. Com mimo, com ternura, com um sorriso… Vamos tentar?