Skip to content

Ciranda da Vida – Antigos Armazéns

  • Março 19, 2023
  • Cultura
  • Ernesto Lauer

 

“De que são feitos os dias?

– De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças”
(Cecília Meireles).

 

Nas minhas divagações e lembranças, muitas delas silenciosas, busco no passado as coisas que nos foram comuns. Ando pelas ruas da cidade, muitas vezes só em pensamento, a recordar os moradores, as antigas casas de negócios e os saudosos armazéns. Desses últimos, alguém lembrou, hoje desejo escrever e alimentar a saudade.

No meu tempo de guri, a nossa cidade era bem sortida no ramo dos secos, molhados e armarinhos em geral. Os velhos armazéns proliferavam, praticamente um em cada quadra. Só por aqui – duas acima e duas abaixo, eram oito. Recordo do armazém Vogt, na esquina fronteira ao Hotel Montenegro. Abria muito cedo; atendiam a dona Natália e o seu Oswaldo (uma figura folclórica). A Natália cuidava de tudo; desde as compras, o estoque, controle do fiado e atendimento dos fregueses. O seu Vogt cuidava da chácara, na rua dos Plátanos e parte na Ramiro.

Subindo a Osvaldo Aranha, para o Hospital, na esquina de cima, ficava o Galego, mas quem trabalhava era a dona Diva, a esposa. Do armazém e da família ainda sobrou o Galeno, que permanece na cidade. Na esquina da Cel. A. Ignácio estava o armazém do Hugo Orth (antes do seu Marc).  Um pouco mais acima, na esquina do Operário, ficava o armazém do seu Vidal, que depois foi do Edegar Oliveira.

Voltando para a Cel. A. Ignácio, na esquina com a Santos Dumont, era o armazém do seu Stroeher, onde pouco comprávamos, pois já distante de casa; um estabelecimento muito bem sortido.

Desde jovem, o Edegar de Oliveira foi padeiro; iniciou na padaria, fábrica de massas, café e bolachas Primor, do Afonso Kunrath. Largou de ser empregado e, junto de familiares, comprou o Armazém do seu Leopoldinho, na Santos Dumont, prédio acima da Princesa. Quem começou o armazém foi o seu Morais, marido da dona Milica, depois funcionária da Prefeitura e Câmara de Vereadores. Anos depois, o seu Edegar vendeu o armazém para o Nelcy Mombach; início do Supermercado Mombach.

Ao tempo do seu Edegar o atendimento primava pela cortesia e bom sortimento. A dona Anita, Pintado e depois o Donário esmeravam-se; primeiro armazém a ter açougue.  Mais abaixo, na esquina com a Cap. Cruz, o seu Clotário Brochier comerciava em seu próprio negócio. Ele tinha um bom sortimento de bebidas destiladas e grande freguesia.

Descendo a Capitão Cruz, no meio da quadra, ficava o armazém do Arno Kerber. Estabelecimento especializado em produtos para a beleza e os cabelos, além de armarinhos e miudezas em geral. A esposa, dona Áurea tinha Instituto de Beleza, mas sempre ajudava no armazém.

Finalmente, na esquina abaixo, ficava o armazém do Wehy, pai da Loreni (já falecida), Remi, Regis e Lizete. “Era um ponto estratégico, principalmente por causa da firma Hack e Renner, onde hoje é o Jornal O Progresso” e a Agência Ford. A dona Irma Wehy era quem comandava o balcão e atendimento do público. Pessoa especial e sempre por dentro das novidades da comunidade.

 

Uma volta ao entorno da minha antiga morada. Os armazéns se distinguiam uns dos outros, pelo atendimento, pelos produtos e variedade de mercadorias em ofertas.  Por exemplo, quando a mãe queria fazer rosca, mandava em determinado armazém, porque o polvilho era melhor. A maioria dos fregueses comprava à caderno, para pagamento quinzenal ou mensal. Com os supermercados, os armazéns começaram a desaparecer. Resta a nostalgia, a lembrança.

Com certeza vamos continuar com a ronda dos antigos armazéns em nossa cidade.

 

Categorias

  • Conexão | Brasil x Portugal
  • Cultura
  • História
  • Política
  • Religião
  • Social

Colunistas

A.Manuel dos Santos

Abigail Vilanova

Adilson Constâncio

Adriano Fiaschi

Agostinho dos Santos

Alexandra Sousa Duarte

Alexandre Esteves

Ana Esteves

Ana Maria Figueiredo

Ana Tápia

Artur Pereira dos Santos

Augusto Licks

Cecília Rezende

Cláudia Neves

Conceição Amaral de Castro Ramos

Conceição Castro Ramos

Conceição Gigante

Cristina Berrucho

Cristina Viana

Editoria

Editoria GPC

Emanuel do Carmo Oliveira

Enrique Villanueva

Ernesto Lauer

Fátima Fonseca

Flora Costa

Helena Atalaia

Isabel Alexandre

Isabel Carmo Pedro

Isabel Maria Vasco Costa

João Baptista Teixeira

João Marcelino

José Maria C. da Silva...

José Rogério Licks

Julie Machado

Luís Lynce de Faria

Luísa Loureiro

Manuel Matias

Manuela Figueiredo Martins

Maria Amália Abreu Rocha

Maria Caetano Conceição

Maria de Oliveira Esteves

Maria Guimarães

Maria Helena Guerra Pratas

Maria Helena Paes

Maria Romano

Maria Susana Mexia

Maria Teresa Conceição

Mariano Romeiro

Michele Bonheur

Miguel Ataíde

Notícias

Olavo de Carvalho

Padre Aires Gameiro

Padre Paulo Ricardo

Pedro Vaz Patto

Rita Gonçalves

Rosa Ventura

Rosário Martins

Rosarita dos Santos

Sérgio Alves de Oliveira

Sergio Manzione

Sofia Guedes e Graça Varão

Suzana Maria de Jesus

Vânia Figueiredo

Vera Luza

Verónica Teodósio

Virgínia Magriço

Grupo Progresso de Comunicação | Todos os direitos reservados

Desenvolvido por I9