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Ciranda da Vida – Motoristas de Praça

  • Abril 17, 2023
  • Cultura
  • Ernesto Lauer

 

Pois lá pelos anos de muito antigamente, por essas paragens da São João do Montenegro, corria pela cidade, de calça curta, uma camisa simples (feita em casa) e alpargatas roda. Um guri, morando numa rua de chão batido, em uma casa de madeira, ao lado do prédio da loja/fábrica Lauer & Kauer (hoje Casa dos Colchões).

A morada era um pouco afastada da calçada. Na parte fronteira havia um velho cinamomo; que ora servia de   carro, ora de avião, ao gosto da brincadeira. Um galho especial, bastante grosso, utilizado como direção aos imaginários veículos. O ramo avançava por sobre o passeio público. A gente observava as pessoas passando por debaixo e emitia sons para assustá-las.

Ficávamos encobertos pelos galhos e folhas. O cinamomo representava a máquina e o resto corria por conta da imaginação, sempre fértil nas crianças. Árvores abundavam pela vizinhança e, cada uma delas, tinha serventia própria; era um subir e descer, até que alguém nos corresse.

Nos dias que andam, cinamomos são árvores quase extintas; crianças já não interagem com o mundo em escalar árvores, estimulando a criatividade. Os relacionamentos são “on line”; os arbustos meros enfeites.

Antigamente, os carros em Montenegro eram poucos. Os felizardos possuidores, mesmo assim, saiam eventualmente, como forma de economizar combustível.  A grande maioria caminhava, andava de bicicleta ou utilizava o carro de praça, também chamado carro de aluguel.

Quando de alguma pessoa doente, sem condições de comparecer ao consultório, o médico era chamado; chegava à casa em um carro de praça (o doente tinha que arcar com o custo). O termo táxi, um anglicismo, somente bem mais tarde foi empregado. Creio que por influência do cinema.

Quando transferiram a Rodoviária, do prédio da Associação Comercial para a Santos Dumont, esquina com a Ramiro Barcelos, junto vieram os carros de praça. Inicialmente estacionados na Rua Santos Dumont, ao longo de um terreno baldio, onde atualmente foi a Loja A Princesa. Ao depois passaram para o outro lado.

A nós outros uma verdadeira festa de novidades.  Os motoristas permitiam olhar o carro, sentar dentro e algumas vezes seguir junto, quando o passageiro permitisse. Na praça de autos (era assim que se chamava o ponto), outra grande atração era o Vitorino. Depois das suas andanças habituais,  pelos bancos e Associação Comercial, ele vinha bater na Praça da Santos Dumont.

Era muito divertido; o Vitorino xingava os motoristas, especialmente o “Sebejo” e o “Zé Pão Duro” e dava muitos discursos (sempre invocando o nome do Cardona). As proximidades da Praça de Autos serviam de palco aos camelôs e a cobra Catarina; dentro de poucos minutos sairia da mala para fumar um cigarro: “E a cobra Catarina vai fumar”, era o grande anúncio, para prender a atenção das pessoas ao redor.

Muito fiquei e muito parei nessa volta; jamais assisti a cobra Catarina sair da mala e fumar um cigarro. Uma técnica hábil para manipular as pessoas.

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