Skip to content

Ecologia Humana Integral ou a Arte do Equilíbrio

  • Maio 29, 2023
  • Cultura
  • Maria Susana Mexia

 

Uma ecologia humana integral envolve não só as questões ambientais, mas também o Homem na sua totalidade, com grandes responsabilidades no presente e para com as gerações futuras, respeitando a aliança entre o homem e a natureza, sem a qual a família humana não pode sobreviver.

Todos podemos colaborar, cada um com a própria cultura e experiência, com as suas iniciativas e capacidades. Compete-nos preparar um amanhã melhor para todos. Das mãos de Deus recebemos um jardim, aos nossos filhos não podemos deixar um deserto.

O paradigma da ecologia integral abrange as nossas vidas, a nossa civilização, os nossos modos de agir, os nossos pensamentos, e está directamente envolvida em questões como o aborto e a defesa da vida, desde a concepção até ao seu fim natural, numa abrangência total e global.

A ética ecológica implica uma responsabilidade do homem, que tem um lugar de destaque neste universo face aos demais organismos vivos. Ele não só vive, mas “con-vive” numa relação de dependência com o meio ambiente.

Todas as criaturas apresentam uma dignidade própria, uma ética em si mesma.

O ser humano não dominando a natureza, tem de caminhar para uma convivência pacífica, entre ela e a sua produção, sob pena de extermínio da espécie humana.

“Um antropocentrismo desordenado gera um estilo de vida desordenado” (LS, 122).

O Papa Francisco considera o valor intrínseco de cada ser: “Cada criatura possui a sua bondade e perfeição próprias. (…) As diferentes criaturas, queridas pelo seu próprio ser, refletem, cada qual a seu modo, uma centelha da sabedoria e da bondade infinitas de Deus. É por isso que o homem deve respeitar a bondade própria de cada criatura, para evitar o uso desordenado das coisas” (LS, 69).

“Na ecologia integral, tudo está em relação, não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social, mas uma única e complexa crise socio ambiental” (LS, 139). O ser humano pertence a um todo maior, que é complexo, articulado e interdependente.

Num mundo onde nos preocupamos com as mudanças climáticas, devemos também pensar na ecologia humana. Enquanto nos vangloriamos com os progressos económicos e sociais, negligenciamos a família, célula insubstituível para a construção de sociedades sãs e fortes.

O próprio desenvolvimento científico, o bem-estar social, a troca de conhecimento, a nova visão do conceito de vida apresentado pelo pensamento filosófico e teológico, trouxeram muitas contribuições para o entendimento da ecologia, como interações existentes entre os diversos organismos vivos, mostrando que o ambiente é um “sistema de relações” integrado.

Uma tecnologia omnipotente, não controlada, que domine o homem, priva-o de sua humanidade, pelo que é urgente conjugar a tecnologia com uma forte dimensão ética. (…) A técnica deve ajudar a natureza a desenvolver-se na linha prevista pelo Criador. Ao trabalharem juntos, investigador e cientista, aderem ao plano de Deus, que quis que o homem fosse a cúpula e o administrador da Criação. As soluções apoiadas neste fundamento protegerão a vida humana e a sua vulnerabilidade, assim como os direitos das gerações presentes e futuras.

Não há ecologia sem antropologia, não há ecologia sem consciência humana, pois nesta está inscrita a noção de responsabilidade comum a toda a humanidade.

A bússola da ecologia humana integral é o Homem no seu todo, é na nobreza do seu espírito que ele se sente chamado a ser algo mais do que um animal, graças ao cultivo da alma e ao seu aperfeiçoamento como Pessoa.

O ser humano possui a capacidade de criar uma moral, para possibilitar a vida em sociedade. Existe, no interior de cada sociedade, um conjunto de valores que especificam e diferenciam o que é o bem e o que é o mal, aquilo que é melhor do que é pior, o que pode e não pode ser feito.

São estes os princípios orientadores das nossas decisões, opções e acções, tornando-as preferíveis a outras, impondo-se, exigindo o respeito dos membros do grupo em que vigoram.

É a lei moral inscrita na nossa consciência que reconhece os limites do ser humano e nos impele a ser mais, sinal da nossa nobreza humana. Em qualquer civilização o homem foi chamado a aperfeiçoar-se, a crescer em sabedoria, em capacidades, a caminho do Bem, do Belo e da Verdade.

A dignidade do homo sapiens é a percepção duma sabedoria inerente ao seu próprio EU, que o impele a procurar um conhecimento desinteressado, fomentando o desejo de aperfeiçoar e esculpir o ser humano como a obra mais perfeita de toda a Criação. Esta noção de querer e poder fazê-lo, leva-nos a concluir que o Homem também possui Liberdade para tal. Os animais e as plantas não a têm, movem-se de acordo com os estímulos, os instintos e as leis da natureza.

O Homem é um ser cunhado para ser chamado a algo mais, a transcender-se, a elevar-se, a ser dono do seu destino, a saber escolher, a atingir a plenitude do humano, a tocar o infinito, o divino, como prova da origem do seu pensamento, da pertinência do seu sentido de vida, da dignidade que lhe assiste numa dimensão transcendente e o privilegia como sujeito activo e responsável na construção duma sociedade ecológica, mais humana a caminho do absoluto e do todo que nos une e sem o qual jamais poderemos subsistir.

Categorias

  • Conexão | Brasil x Portugal
  • Cultura
  • História
  • Política
  • Religião
  • Social

Colunistas

A.Manuel dos Santos

Abigail Vilanova

Adilson Constâncio

Adriano Fiaschi

Agostinho dos Santos

Alexandra Sousa Duarte

Alexandre Esteves

Ana Esteves

Ana Maria Figueiredo

Ana Tápia

Artur Pereira dos Santos

Augusto Licks

Cecília Rezende

Cláudia Neves

Conceição Amaral de Castro Ramos

Conceição Castro Ramos

Conceição Gigante

Cristina Berrucho

Cristina Viana

Editoria

Editoria GPC

Emanuel do Carmo Oliveira

Enrique Villanueva

Ernesto Lauer

Fátima Fonseca

Flora Costa

Helena Atalaia

Isabel Alexandre

Isabel Carmo Pedro

Isabel Maria Vasco Costa

João Baptista Teixeira

João Marcelino

José Maria C. da Silva...

José Rogério Licks

Julie Machado

Luís Lynce de Faria

Luísa Loureiro

Manuel Matias

Manuela Figueiredo Martins

Maria Amália Abreu Rocha

Maria Caetano Conceição

Maria de Oliveira Esteves

Maria Guimarães

Maria Helena Guerra Pratas

Maria Helena Paes

Maria Romano

Maria Susana Mexia

Maria Teresa Conceição

Mariano Romeiro

Michele Bonheur

Miguel Ataíde

Notícias

Olavo de Carvalho

Padre Aires Gameiro

Padre Paulo Ricardo

Pedro Vaz Patto

Rita Gonçalves

Rosa Ventura

Rosário Martins

Rosarita dos Santos

Sérgio Alves de Oliveira

Sergio Manzione

Sofia Guedes e Graça Varão

Suzana Maria de Jesus

Vânia Figueiredo

Vera Luza

Verónica Teodósio

Virgínia Magriço

Grupo Progresso de Comunicação | Todos os direitos reservados

Desenvolvido por I9