Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade e noite a girar
Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
(…)
Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade e noite a girar (Heitor Villa-Lobos)
Pela terra do São João do Montenegro, desde o longínquo ano de 1909, o trem começou a rodar, levando vidas a novos rincões mais distantes dessa terra do Continente do Rio Grande. A Maria Fumaça a correr pelos trilhos, ganhando espaço na imensidão e encurtando distâncias a nos separar uns dos outros, pelas lonjuras da terra.
Da nossa acolhedora Vila, nos tempos do primeiro quadrante do século XX, um casal de dentistas deixou a localidade de Estação São Pedro e ganhou espaço às terras das colônias novas, pros altos do Rio Grande, nas costas do rio Uruguai.
Os nossos pioneiros migrantes eram nômades, em busca do melhor lugar para fixar residência e criar sua família. Filhos tiveram e esses deram netos ao casal Hartmann, que das nossas terras partiram (no Município de São Pedro da Serra ainda temos muitas famílias Hartmann, com origem naqueles que um dia deixaram nosso interland).
Quis o destino, quem sabe as contingências dos caminhos divergentes, por se bifurcarem na encruzilhada, um novo rumo traçar aos caminhantes desencontrados. Pois assim foi: no ano de 1988, como Promotor de Justiça em Novo Hamburgo, cruzei caminho com um descendente dessa família de pioneiros: o colega IVAR HARTMANN.
E assim foi; do coleguismo à amizade por certo tempo perdurou, até seguirmos caminhos diferentes: vim para Montenegro e Ivar para Porto Alegre, onde se aposentou. O tempo passou e mais de trinta anos decorreram até um reencontro, num grupo de WhatsApp de Promotores de Justiça Jubilados do RS.
Não somente um reencontro, mas vários; outros tantos que sequer conhecia e passei a conviver num circuito digital de um celular. Combinados um almoço na Churrascaria Grill (antigo Mathias II), entre Scharlau e Portão. Nos deparamos, ao vivo e a cores, com colegas, agora provectos e amadurecidos pelo correr do tempo. Grata surpresa o Abel Custódio, lá das bandas do Alegrete, com um segundo domicílio em Novo Hamburgo.
O colega Hornung já conhecia e o Sangalli aprendi a conhecer na oportunidade. Temos o colega Dario Wilde, hoje proprietário de duas rádios digitais – Estação DWilde e Andorinha, lá da praia de Capão da Canoa. Resolveu nos recepcionar, para um almoço na Churrascaria Galo, daquela cidade, no dia 27 de maio próximo passado.
Mais de 25 colegas se fizeram presentes e foi altamente gratificante o fraterno convívio. Naquele sábado sai cedo de Montenegro até Porto Alegre, onde uma VAN, contratada por nossa Associação, levou-nos até Capão. A viagem já foi uma festa, com café e salgadinhos e depois, para rebater, um pouco de vinho bordô, da produção do amigo Busa.
O colega Wilde comprometeu-se a organizar um encontro anual, sempre no último sábado do mês de maio. Ótima ideia, devidamente endossada. Encontro recompensador; ótimas conversas e reforço dos vínculos de coleguismo.
A vida a rodar; a ciranda e o nosso destino; a alegria estampada em cada semblante e a contínua busca pelos ideais comuns.