O Governo da Nicarágua diverte-se a filmar e a fotografar o Bispo Rolando Álvarez em traje de prisioneiro.
Sábado (3 de Junho), a Igreja celebrou S. Carlos Lwanga e os seus muitos companheiros, martirizados no Uganda no final do século XIX (entre 1885 e 1887).
Os jornais portugueses evitam informar, mas também no nosso tempo morrem cristãos com frequência, em variados países do mundo. Através da imprensa estrangeira, é possível acompanhar esta perseguição mundial: «mais dois padres raptados na Nigéria», a somar aos 5300 cristãos raptados por ano nos últimos tempos nesse país, ou aos mais de 50000 cristãos mortos na Nigéria nos últimos 14 anos. Do Sudão, vão chegando notícias de mais mortos. E em Moçambique. E no Sri Lanka. Por vezes, todos os que assistem a uma Missa… E na Birmânia, e no Haiti. Todos os dias acontecem crimes contra cristãos, sobretudo nos países comunistas, onde a perseguição é mais dura.
Na Nicarágua, o Governo mandou prender o Bispo D. Rolando Álvarez e publicar fotografias dele vestido de prisioneiro; expulsou o representante diplomático da Santa Sé, assim como padres e freiras, em particular as que se dedicavam a ajudar os mais necessitados. A lista de países comunistas e das suas atrocidades é bem grande…
Seria preciso haver tanta loucura no mundo?
A memória do martírio de Carlos Lwanga e dos seus companheiros ajuda a responder.
Poucos anos antes, o Uganda tinha recebido o anúncio cristão com júbilo e dera-se uma evolução positiva de toda a sociedade. A história daquelas conversões, felizmente bem documentada, é uma manifestação emocionante da acção do Espírito Santo, em famílias inteiras, em especial entre os líderes da juventude ugandesa. Os ugandeses não viram a exigência moral do cristianismo como um fardo, mas como um dom que enche a vida de alegria e de sentido.
Até que subiu ao poder um Rei homossexual, com uma atracção descontrolada por rapazes novos. Os muçulmanos da corte cederam aos seus desejos impuros, mas os rapazes cristãos rejeitaram-nos totalmente. Então, a raiva do monarca desabou sobre eles com exageros de crueldade. Uns foram arrastados pelos caminhos, arrancando-lhes a pele e desfazendo-lhes o corpo aos poucos; outros foram torturados e queimados vivos… Conhecemos a história da conversão daquelas dezenas de rapazes e do heroísmo com que procuraram ser fiéis a Cristo, graças aos relatos circunstanciados dos que assistiram àqueles momentos de graça e de tragédia.
Seria preciso haver tanta loucura no mundo?
Misturando a nostalgia comunista com pretextos religiosos, a Rússia mantém a guerra na Ucrânia e o controlo de vários países. A invasão já provocou centenas de milhares de mortos e milhões de refugiados, sem que a comunidade internacional consiga impor a paz. Seria preciso tanto ódio e tanta destruição?
Olhando retrospectivamente a reacção saudável que o martírio de algumas dezenas de rapazes ugandeses provocou no Uganda, compreendemos que os caminhos de Deus não são os nossos. No século IV, Tertuliano já tinha experiência suficiente para poder escrever que «o sangue dos mártires é semente de cristãos». No nosso tempo, não precisamos de compreender o horror que há pelo mundo, basta-nos saber que Deus até do mal tira bem.