É tempo de pular fogueira,
celebrar o folclore e a cultura brasileira.
É tempo de comer bolo de milho,
passar a tradição, de pai pra filho
É tempo de fortalecer a fé! (Rafael Nolêto)
São João, o Batista, é o padroeiro desta terra de Montenegro; do alto do morro abençoa a cidade que lhe reverencia como Santo Protetor. A escolha do Orago remonta ao início de nossa colonização; até difícil dizer se foi uma escolha ou a veneração de uma família ou seus ancestrais pelo santo de sua devoção.
No início tivemos a Estância Mascarenhas e a Fazenda Montenegro, sem nenhuma conotação a uma personalidade digna de homenagens religiosas. A devoção ao nosso padroeiro começou com José de Araújo Vilela, que foi casado com Leonarda Araújo, cunhado de Inácio Cesar Mascarenhas, proprietário da Estância do mesmo nome.
Vilela era brasileiro, nascido em uma das fazendas de seu pai, na região de Viamão. O seu progenitor era português, natural de Ponte de Lima, próxima à Braga, na região do Minho. A maior e mais tradicional festa de Ponte de Lima, desde tempos imemoriais, é a de São João Batista, que acontece em 24 de junho.
Certamente, pelo pai e seus ancestrais, o santo protetor da família Vilela foi São João e a tradição passou de geração a geração. Quando Vilela comprou uma parte da área de terras de Estância Mascarenhas, vindo para o lado da nossa cidade, deu-lhe o nome de FAZENDA SÃO JOÃO.
A festa tem origem no solstício de verão e inicialmente tratava-se de uma festa pagã. As pessoas festejavam a fertilidade, associada à alegria das colheitas e da abundância. Mais tarde, à semelhança do que sucedeu com o entrudo (festa popular que antecede a Quarema), a Igreja cristianizou essa celebração pagã, atribuindo-lhe São João Batista como padroeiro.
Segundo registros (Crônicas), a festa de São João foi a mais antiga de Portugal, pois existia uma cantiga da época que dizia: “até os moiros da moirama festejam o São João”. Os mouros dominaram a Península Ibérica desde 711 até 1492.
Cidades como Porto e Braga sempre reverenciaram São João; o santo é padroeiro do Porto; ambas ficam na região do Minho, próximas de Ponte de Lima. Essa tradição veio com os nossos colonizadores para o Rio Grande do Sul e chegou a Montenegro com Vilela e seus descendentes.
A dificuldade em continuar digitando esta coluna diz para com a sopa de ervilha que fiz ontem ao anoitecer. Ao cortar a costela defumada, acabei com cortar o dedo indicador. Mas a sopa ficou pronta, mesmo com o dedo enfaixado.
Fechado o parêntesis explicativo, quero prestar minha homenagem aos organizadores da Festa de São João no Parque Centenário. Estão reorganizando uma festa que jamais deveria ter sofrido solução de continuidade.
Desde criança, sempre com a ajuda do pai, fazíamos fogueira nos fundos de casa e muitas bombinhas foram compradas nos Armazéns Defesa e Licks e estouradas na noite do dia 24 de junho. No Ginásio São João Batista a festa do padroeiro era tradicional.
Um ano ajudei a fazer quentão; outros colegas ajudaram e, sem que o Irmão Marista percebesse, colocamos toda a garrafa de cachaça no preparo. Alguns guris ficaram meio “tchucos” e nós ajudantes tivemos que copiar o regulamento, por algumas vezes.
Era uma época em que as festas proliferavam; por vezes a festa foi na paróquia e outras no Colégio São José. Sabia-se de antemão que em alguns terrenos desabitados sempre havia uma fogueira. Os guris da Dona Noêmia Rosa sempre faziam uma fogueira defronte da Oficina Passini, um descampado onde também brincávamos de mocinho.