É em Lisboa que se vai realizar a 37ª Jornada, do grande encontro Mundial da Juventude. E nós, Portugueses, ficamos entusiasmados e felizes quando, finalmente, tivemos a confirmação pela voz do Papa Francisco na mensagem que dirigiu aos jovens na JMJ em 2020: «Vós, jovens, gostais de viajar, cruzar-vos com lugares e rostos nunca vistos antes, viver novas experiências… Por isso, como destino da vossa próxima peregrinação intercontinental em 2022 (2023), escolhi a cidade de Lisboa, capital de Portugal. De lá, nos séculos XV e XVI, inúmeros jovens, incluindo muitos missionários, partiram para terras desconhecidas a fim de partilhar a sua experiência de Jesus com outros povos e nações. O tema da JMJ de Lisboa será: “Maria levantou-Se e partiu apressadamente”.» (1)
Desde então, temos vivido entre opiniões diversas, alegrias e preocupações, problemas por resolver, incertezas e também o reconhecimento generalizado da importância deste evento, tanto a nível financeiro como da projeção da imagem do país. Tudo isto é importante, mas existe um outro olhar mais amplo, mais profundo, sobre qual é, afinal, o verdadeiro propósito da JMJ, esse algo que não se “fecha” na espiritualidade cristã, antes se estende a toda a humanidade como um único Povo de Deus.
Passaram já 36 Jornadas Mundiais da Juventude, o encontro de milhares de jovens de diversos continentes, culturas, atravessando épocas muito diferentes, mas sempre a mesma experiência apaixonante, «na crise ética que tem ameaçado o Velho Continente, é um remédio contra a lassidão do crer» como tão bem descreve o Papa Bento XVI recordando o que ele próprio viveu com os jovens na JMJ em Madrid: «De forma cada vez mais clara vai-se delineando, nas Jornadas Mundiais da Juventude, um modo novo e rejuvenescido de ser cristão, que poder-se-ia caracterizar em cinco pontos:
1. Em primeiro lugar, há uma nova experiência da universalidade da Igreja. Vimos de todos os continentes e, apesar de nunca nos termos visto antes, conhecemo-nos. Falamos línguas diferentes e possuímos costumes de vida diversos e formas culturais diversas; e, no entanto, sentimo-nos imediatamente unidos como uma grande família; o mesmo encontro interior com Jesus Cristo, a mesma formação da razão, da vontade e do coração. A liturgia comum constitui uma espécie de pátria do coração e une-nos numa grande família. Aqui, o facto de todos os seres humanos serem irmãos e irmãs não é apenas uma ideia, mas torna-se uma experiência comum real, que gera alegria.
2. E disto nasce, um novo modo de viver o ser homem, o ser cristão. Uma das experiências mais importantes daqueles dias foi o encontro com os 20.000 voluntários da Jornada Mundial da Juventude: No fim, estes jovens estavam visível e «palpavelmente» inundados duma grande sensação de felicidade: o tempo dado tinha um sentido; estes jovens ofereceram, na fé, um pedaço de vida, estes jovens fizeram o bem – sem olhar ao peso e aos sacrifícios que o mesmo exigia – simplesmente porque é bom fazer o bem, é bom servir os outros. Tudo isto é antecedido pelo encontro com Jesus Cristo, um encontro que acende em nós o amor a Deus e aos outros e nos liberta da busca do nosso próprio «eu». Uma generosidade de se dar, que, em última análise, nasce do encontro com Cristo que Se deu a Si mesmo por nós.
3. Um terceiro elemento que vai, de forma cada vez mais natural e central, fazendo parte das Jornadas Mundiais da Juventude é a adoração. Restam inesquecíveis em mim aqueles momentos, quando dezenas de milhares de pessoas, na sua maioria jovens, responderam à presença do Senhor no Santíssimo Sacramento com um profundo silêncio, adorando-O. A adoração é, antes de mais nada, o ato de fé como tal. Deus não é uma hipótese qualquer, possível ou impossível, sobre a origem do universo. Ele está ali. Entramos nesta certeza do amor corpóreo de Deus por nós, e fazemo-lo amando com Ele. Isto é adoração e isto confere depois um cunho próprio à vida
4. o sacramento da Penitência: deixar-se purificar desperta em nós a força positiva do Criador que afasta de nós a tendência contrária ao amor, a tendência para o egoísmo, para se fechar em si mesmo e nos atrai para o alto. 5. última característica da espiritualidade das Jornadas Mundiais da Juventude é a alegria. Donde brota? Como se explica? o fator decisivo é esta certeza que deriva da fé: Eu sou desejado; tenho uma missão na história; sou aceite, sou amado. Somente se Deus me acolher e eu estiver seguro disso mesmo é que sei definitivamente: é bom que eu exista; é bom ser uma pessoa humana. Hoje vemos quão difusa é esta dúvida! Vemo-lo na falta de alegria, na tristeza interior que se pode ler em muitos rostos humanos. A fé faz-nos felizes a partir de dentro. Esta é uma das maravilhosas experiências das Jornadas Mundiais da Juventude.» (2)
Para a 37º Jornada Mundial da Juventude que vamos iniciar em breve fica o sonho do Papa Francisco: «Sonho, queridos jovens, que na JMJ possais experimentar novamente a alegria do encontro com Deus e com os irmãos e as irmãs…reencontraremos juntos a alegria do abraço fraterno entre os povos e entre as gerações, o abraço da reconciliação e da paz. O tempo de nos levantarmos é agora. Levantemo-nos apressadamente! E, como Maria, levemos Jesus dentro de nós, para O comunicar a todos. Neste belíssimo momento da vossa vida, avançai, não adieis o que o Espírito pode realizar em vós! De coração abençoo os vossos sonhos e os vossos passos.» (3)
- cf. Mensagem do Santo Padre Francisco para a XXXV Jornada Mundial da Juventude 2020
- cf. Discurso do Papa Bento XVI por ocasião da troca de votos natalícios com os Cardeais, a Cúria Romana e a família pontifícia. 22 de dezembro de 2011
- cf. Mensagem do santo padre Francisco para a XXXVII Jornada Mundial da Juventude 2022-2023