Um encontro celebrativo levou-me a uma semana pelos Açores para, com Irmãos e amigos, festejar os 75 anos de consagração do Irmão Manuel Joaquim Valente, neste ano em que também estou a celebrar a mesmas bodas de diamante. Celebração de sentido sublime a unir a pequenez ao Senhor da História.
Foram dias de muitos outros encontros com Irmãos de três comunidades, e com amigos e conhecidos de longa data. Estimularam a reflexão e busca do significado do termo encontro; nada banal. Repetimos, hoje, tanto a palavra encontro que quase nos esquecemos que pode significar o melhor da vida humana. Já repararam? Significa reunião de pessoas à procura de soluções para melhorar a vida de todos.
Aceitar um convite para encontro, congresso, convívio, celebração festiva, missão caritativa constitui o melhor da vida das pessoas… Os dicionários lembram, ainda, sentidos nada desejáveis: choque, embate, encontrão e combate armado. O termo relacionado seria o desencontro e solidão involuntária.
Nestes dias, por duas ilhas cheias de paisagens de verde-esperança e de azuis lacustres e oceânicos, semeadas de mosaicos de turistas, salpicadas de vacas e restaurantes de peixe do dia, houve agradáveis encontros com amigos, convívios e celebração de ação de graças; e sobrava tempo para refletir nos males das guerras atuais, tão badaladas na Europa e tão silenciadas na Africa e arredores.
Não há desencontros, choques de morte e guerras só entre o suposto bom Ocidente e o Oriente mau. A “Ajuda à Igreja que Sofre” lembra cada dois anos, com factos, que há muitas perseguições e violências noutros países e não apenas nos repetidos embates entre os blocos do Oriente russificado e do Ocidente americanizado.
Espera-se, agora, que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), quase a realizar-se, seja de bons encontros globais fraternos. Já imaginaram quantos e bons encontros se estão a suceder por esses caminhos e praças do planeta com tantos jovens e adultos a caminho de Portugal, Lisboa, Fátima? Quem conseguirá contar os encontros felizes de pessoas que a JMJ está a suscitar em que se une o Céu e a Terra?
Encontros a dois, em grupos; de centenas de pessoas; milhares, e mais de um milhão! E, sempre, de pessoas, pois não há encontros de animais. E muitos serão reencontros, em que se repete: lembra-se de mim? Está a reconhecer-me? Sim, claro; espera lá. Você, tenho ideia, ah! já me lembro. Haverá também alguns, pequenos, desencontros. Não estou a ver. Ah! já me lembro. Não. Não me lembro e ficar uma tristezazinha nos encontrados..
E a mistura das falas e línguas e os pedidos para repetir, para ensaiar outra língua, pedir a um terceiro que traduza. Ou então recorrer, talvez pela primeira vez em encontros destes, às máquinas de tradução em tempo real, instantâneas e à Inteligência Artificial. Até haver encontro. Já imaginaram um, dois ou mais milhões de pessoas, vindos de alguns 150 países, a falar dezenas de línguas e a cruzarem-se em encontros e eventos num país de 10 milhões! Nem faltará a mistura de idosos e jovens, como na Visitação de Maria, e que o Papa deseja que se repita no Dia dos Avós, 26 de julho; e aqueles de menos capacidade auditiva a pedir que repitam, que falem mais alto, mais articulado, mais próximo do British accent, de l’accent parisien, do acento de português de Coimbra, de espanhol com fonética castellana.
Serão dias de Pentecostes em que cada um até pode falar a sua língua e todos entendem na própria, no cristianês fraterno, porque estão todos em encontro de procura, em encontro dos encontros, no encontro com Jesus a convidar: «Vinde a Mim todos os que andais cansados [sós]e oprimidos, e Eu vos aliviarei», (Mt. 11,25-30). Então não vêm para verem o Papa Francisco à beira do rio Tejo?
Sim, mas Francisco foi convidado por Cristo, como foi Pedro, Paulo, Mateus, António de Lisboa e de Pádua, com Beatriz de Campo Maior, João de Deus de Montemor-o-Novo e com outro Francisco, a sua irmã Jacinta e a prima Lúcia, e os bispos e cardeais e tantos milhões de “pequeninos” a quem é revelado: «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome aí estarei eu no meio deles» (Mt. 18,20). Quantos milhões de encontros haverá na Jornada Mundial da Juventude? Alí, à beira do Tejo, e em cada canto da Humanidade global, ligada por alguma onda de som e visão, mas mais ainda por uma ligação espiritual de amor concedido pelas três pessoas divinas unidas em Amor? De certeza que não vai faltar a Mãe de Jesus.
Foi a exemplo d’Ela que correu apressadamente para a montanha com Jesus, ao encontro da idosa Isabel, que muitos acorrem ao encontro da JMJ. Ela leva Jesus ao seu encontro. E Só o encontro com Jesus, como com o Joãozinho Batista, será encontro que atravessa todos os obstáculos, barreiras, fronteiras, galáxias e espaços infindos, da terra para o Céu, como a escada de Jacob (Gen.28,11-19), da passagem material para a vida eterna. Todos os outros milhões de encontros que vão acontecendo desde a preparação desta JMJ até à sua plena realização e consumação são importantes, mas a JMJ realiza-se para que muitos se encontrem com Jesus. O alvo fundamental é esse Encontro com Jesus no Encontro de encontros da JMJ.
Funchal, a 18 dias da JMJ