Antigamente quando eu me excedia
Ou fazia alguma coisa errada
Naturalmente minha mãe dizia:
“Ele é uma criança, não entende nada”
Por dentro eu ria, satisfeito e mudo
Eu era um homem e entendia tudo (Erasmo Carlos).
Minhas pesquisas cruzam no tempo, pela lídima vontade de compatibilizar o passado à luz do estágio presente. Os prédios do conjunto arquitetônico da antiga Estação Férrea estavam em deplorável estado … Em ruínas. O trabalho do Pedro Ernesto Bühler, aliado aos integrantes de um movimento de preservação e restauro, alcançou as abnegadas integrantes da EFICA e a restauração deu causa à Estação da Cultura.
O Jornal Correio do Município, em sua edição de 08/08/1912, traz notícia de um acidente ferroviário: o filho da viúva Prass vendia doces na plataforma da Estação. Quando da chegada do trem de Santa Maria, procedente de Porto Alegre, o rapazinho caiu sobre os trilhos e foi colhido pela locomotiva. Além de várias escoriações, teve a perna esquerda dilacerada e teve que ser amputada. Foi um milagre e uma dificílima recuperação.
Acidentes com trens eram frequentes em nossa cidade, especialmente nas passagens de nível. Defronte ao antigo Wolgemuth um caminhão carregado com tubos de gás comprimido colidiu numa locomotiva e os tubos explodiram, projetados ao longe, atingindo casas.
Publico uma foto datada de 1905, retratando o Porto das Laranjeiras da então Vila de São João do Montenegro. Não uma simples foto, que muitos já tenham visto, mas um chamado à atenção dos leitores: A importância do Morro da Pedreira para a construção dos nossos Cais (alto e baixo). A foto, gentileza da senhora Tereza Varelmann, deixa evidente o “escalvado” do morro, em razão da extração de pedras para a construção dos Cais.
A pedreira foi comprada, pela Intendência, dos herdeiros de Bernardina e Tristão Fagundes. Uma enorme quantidade de pedras saiu daquela pedreira para alicerçar os contornos serpenteantes da margem direita do rio Caí, na parte fronteira de nossa incipiente cidade. Observem o morro da pedreira e o quanto de pedras dele foi extraído.
Importantíssimo escrever sobre um assunto, emoldurando-o com uma foto. Lá pelo final dos anos 1.800 e início dos seguintes, os produtos provenientes das colônias italianas, aos altos da serra, aqui chegavam em grandes carretas, depois de vencerem longas distâncias, percorrendo a Estrada Buarque de Macedo. Na Vila fechavam negócios com os grandes armazéns e entrepostos de mercadorias, que davam suporte aos vapores e gasolinas.
Um dos grandes comerciantes daquela época, proprietários do Armazém Hambergen & Hamann, situado na rua João Pessoa, próximo ao rio, recebia carretas, carregadas com produtos coloniais, negociando com os italianos. Eles vendiam e compravam mercadorias e após retornando à origem.
O nosso Cais foi de fundamental importância para o escoamento dos produtos provenientes da serra gaúcha. Até 1902, o nosso porto era muito baixo, quase rente ao rio; qualquer chuva, o rio subia e carregava com todas as mercadorias depositadas ao seu longo. A construção dos cais tudo equacionou … Até o ano de 1909, quando o trem Caxias começou sua longa trajetória.