A temperatura a que o papel do livro se incendeia e arde, correspondendo a 233 graus celsius.
Este romance de ficção científica, aborda uma realidade distópica em que o trabalho dos bombeiros é queimar livros, porque foi instaurada uma cultura de combate ao pensamento crítico e autónomo dos indivíduos.
Ray Bradbury escreveu-o como forte crítica social numa altura em que o mundo colhia os frutos amargos da Segunda Guerra Mundial, a censura rondava a sociedade e o autoritarismo político vingava na Alemanha nazi e noutros regimes totalitários
O sucesso deste estado de obediência e paz social devia-se sobretudo ao “cuidado com a educação”. As crianças iam à escola mas não aprendiam a ler. “Os métodos educativos embrutecem…os jovens passam o tempo a gritar, a saltar como selvagens, a baterem-se. Dizem todos as mesmas coisas e ninguém tem uma opinião diferente”. “ As aulas tornam-se mais curtas, a disciplina mais relaxada, a Filosofia e a História são abandonadas. Vive-se no imediato, apenas conta o trabalho e escolher uma distração”. “Ninguém nasce livre e igual aos outros, como diz a Constituição, mas cada um é moldado conforme os outros. Abatamos o espírito humano!”
Tudo corria bem na vida do bombeiro Montag até conhecer Clarisse, a nova vizinha, uma jovem de 17 anos que lhe falou de um passado em que as pessoas não tinham medo e os bombeiros apagavam fogos e não queimavam livros.
Inquietado com este diálogo, despertou, mais tarde, conheceu um professor que lhe falou de um futuro em que as pessoas poderiam voltar a ler e a pensar…
Avizinhava-se um tempo radioso e livre, a sua vida mudou e “pela primeira vez depois de uma boa dezena de anos, as estrelas brilharam por cima dele”.
Importa destacar o ambiente em que essa sociedade vivia, onde tudo era controlado pelo Estado e a única forma de entretenimento que tinham vinha dos televisores instalados nas paredes de vidro das salas, exibindo programas fúteis e embrutecedores onde o público alienado era convidado a participar…
Fahrenheit 451 publicado em 1953 pelo escritor norte-americano Ray Bradbury, um clássico que nos impele a pensar, questionando e instigando a analisar com sentido crítico a situação da nossa sociedade actual.