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Ray Bradbury – Fahrenheit 451

  • Julho 31, 2023
  • Cultura
  • Rosarita dos Santos

 

Nosso autor Ray Bradbury nasce em 1920, em uma pequena cidade de Chicago, no nordeste norte-americano. Ele vem de origem modesta, lê e escreve desde tenra idade, frequenta a escola secundária, faz parte de um clube do livro de teatro, e forma-se em 1938. Nessa época, ele começa a escrever contos de ficção científica e publica seu primeiro texto aos 17anod de idade. Mais adiante, filia-se a um clube de Ciência Fantástica, a partir de 1942 dedica-se exclusivamente a sua produção literária, e em 1948 já é reconhecido como um profícuo escritor; casa-se nesse mesmo ano, ao logo do tempo, o casal tem quatro filhas e oito netos.

Em 1950, ele recebe a consagração da edição internacional de suas “Crônicas marcianas”, e é em 1953 que ele publica seu célebre romance “Fahrenheit 451”, através do qual o autor representa uma visão de mundo no futuro, em um contexto pós-Guerra Fria; o livro ganha o Prêmio Hugo de Melhor Romance de 1954, o qual é concedido pela crítica especializada americana, anualmente, às melhores histórias de ficção científica ou fantasia, e a obra é adaptada em 1966 para o cinema, em uma produção inglesa, sob direção do cineasta francês François Truffaut.

O autor escreve romances e peças de teatro durante toda sua vida, sempre com aprovação e aplausos, e morre aos 91 anos de idade, em 2012. Ele permanece sendo uma referência do gênero de antecipação, conhecido por sua franqueza. Ele mesmo não se define como um autor de ficção científica, mas sim como um escritor que toca em tudo. Segundo sua visão, “seu único romance de ficção científica é “Fahrenheit 451”, embora seja baseado na realidade”. Ele define a ficção científica da seguinte forma: é “uma descrição da realidade, enquanto o fantástico é uma descrição do irreal”.

Seja como for, aceite-se ou não essa ideia, em uma sociedade onde os livros são proibidos e queimados, o bombeiro Montag começa a sonhar com um mundo diferente e entra na resistência, o que provoca uma corrida frenética em direção à liberdade. Um homem contra um mundo. E no meio disso tudo, uma guerra iminente. Começamos assim nossa pequena análise desse romance (e dessa situação).

O título se refere à temperatura, em graus Fahrenheit, na qual o papel se inflama e queima. Na primeira parte do enredo, em um futuro indeterminado, “Montag” é um “bombeiro”, já o sabemos, salvo que agora conhecemos sua função que é queimar todas as obras escritas, sem exceção. Ele e seu esquadrão de incendiários vasculham a cidade em busca de todas as bibliotecas ilegais e estão sob ordens estritas de queimá-las; possuir um livro – ou mesmo simplesmente ler uma obra escrita – tornou-se um crime.

A literatura é repugnante à sociedade e por isso ela não existe mais. Até então plenamente satisfeito com seu trabalho, Montag um dia – por nada – decide que vai salvar os livros de sua destruição prometida e que vai lê-los. Ele começa a esconder as obras em casa, sem que ninguém o saiba, e além disso, ele desperta para achar a propaganda televisiva em sua casa  como muito doutrinadora.

Em segundo momento, depois de descobrir os livros, ele sai em busca de um velho conhecido que nunca denunciou, sem saber bem por quê. Este é Faber, um velho professor de inglês aposentado que havia sido demitido quarenta anos antes, quando a última escola de artes liberais fechou por falta de alunos e fundos. Uma discussão ocorre entre os dois homens, Montag oferece a Faber a reimpressão de livros, e por fim, este lhe dará um chip que, inserido em seu ouvido, permitirá que eles se comuniquem discretamente; o objetivo disso é descobrir os pontos fracos do mundo dos bombeiros e, mais particularmente, do severo capitão superior hierárquico de Montag. Este acaba queimando seu chefe, em uma missão que tinha como alvo a própria casa de Montag, e isso acontece porque sua própria esposa alertou as autoridades sobre a presença de livros em sua casa.

O “bombeiro” Montag então se torna um criminoso perigoso, e é perseguido impiedosamente por uma sociedade ainda à beira da guerra e a qual usa “cães” – ou melhor – máquinas robóticas que caçam e matam qualquer um que se atreva a tocar nos livros. Mas graças a seu engenho e sobretudo com uma sorte incrível, ele  consegue escapar da cidade e se deixa levar pelo rio para conhecer os filiados de uma comunidade itinerante, formada por antigos graduados de universidades, os quais vivem nas estradas, ao longo de antigas ferrovias enferrujadas.

E, para encerrar essa conjuntura de resiliência, cada uma dessas pessoas decora um livro para salvá-lo do esquecimento a que foi prometido. Eventualmente, a guerra irrompe e vê a cidade destruída, dando a chance de um novo começo. A descrição que o autor nos oferece dessa sociedade apocalíptica corresponde à situação desumanizada cujos valores humanos afundaram; o amor e a inteligência também sucumbiram; de fato, as pessoas se contentam com a opinião oficial e mesmo os “guardiões da verdade”, como o chefe de Montag, não entendem o que dizem, pois, segundo eles, cultura e diálogo se resumem a uma troca de citações.

Mesmo a comunicação naufragou, todos mostram um individualismo frenético. As pessoas voltaram a ser crianças, vivem na imanência e só querem agir; as pessoas não falam de nada. Em resumo, essa sociedade provavelmente voltou a ser primitiva, pois pratica o culto da violência, em nome da felicidade.

Em seu romance, Ray Bradbury apresenta-nos o fracasso de uma sociedade feliz: a sociedade exposta por Fahrenheit 451 é a priori perfeita, pois as pessoas que ali vivem são felizes, como explica o chefe dos “bombeiros” em seu discurso. No entanto, isso é apenas uma ilusão. De fato, desde os primeiros momentos, Montag percebe que ele não está bem, e ele sabe algumas pessoas tentam se matar com excesso de remédios para dormir: “Casos assim […] temos tantos há alguns anos.»

O fim da obra de Bradbury nos orienta no seguinte pensamento: é necessário desenvolvermos uma visão humanística das pessoas e do mundo; acreditamos que devemos manter a esperança, porque uma sociedade como a que ele retrata não é viável; de fato, pode-se perder a guerra, mas temos que esperar por tempos melhores. Além disso, tudo pode recomeçar; “Essa é a maravilha do homem, ele nunca se deixa vencer pelo desânimo”. Por fim, para ele, a alegria consiste em desfrutar da felicidade proporcionada pela natureza e não da imposição artificial: “Olhe o mundo, é mais extraordinário do que todos os sonhos fabricados ou comprados na fábrica.»

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