Fui à JMJ de Paris, em 1997… sou tão antiga… Era uma jovem católica, sem irmãos e que ia à missa sozinha ao domingo. A minha mãe levou-me à catequese, mas os pais não eram casados pela Igreja, nem tinham nenhuma presente vivência de fé. O meu pai era ateu, hoje acho que já não é. A minha mãe era uma católica de sofá.
Fui à JMJ inserida num clube juvenil cuja formação religiosa estava a cargo da Prelatura do Opus Dei. Lembro-me da vibração, do frenesim por todo o lado, deste Jesus que une corações, que nos faz transbordar de alegria e que nos impele a servir.
No meio da multidão, cada um sente no seu coração a vida a pulsar, sente que lhe cabe uma parte do mundo na palma da mão e que tem de “partir apressadamente”, que é agora o seu momento na História da humanidade.
Não me lembro se vi bem o Papa João Paulo II. Acho que sim, acho que o papa móvel passou bem perto de mim.
As JMJ são a prova de que Deus é amor e que os jovens querem esse amor na vida deles, que sentem que são melhores pessoas mergulhados nesse amor, nessa alegria. Claro que se pode dizer que muitos destes jovens não vão à missa ao domingo, não se confessam com a frequência desejada, por muitas razões que importa aprofundar, mas que não sei teorizar, embora tenha a certeza que também sou responsável por isso, de várias maneiras.
Apesar de tudo isso, estes jovens não vieram ver concertos de rock, não vieram atrás de nenhuma vedeta das redes sociais. Estes jovens vieram, investiram o seu tempo de férias, gastaram as poupanças, para vir ao encontro de Jesus, vieram estar com o Papa, vieram conhecer as propostas da Igreja para as suas vidas.
Os jovens sentem-se profundamente interpelados por uma vivência coerente da fé, impressiona-os ver pessoas que conseguem ser coerentes com a sua fé e, por isso e ao mesmo tempo, são alegres, disponíveis, generosas e que se gastam até ao tutano para fazer a vida dos outros um pouco melhor, um pouco menos dura e nos outros encontram DEUS, porque só a Ele lhes interessa encontrar.
Os jovens querem ser convocados para altos voos, para missões radicais, ainda que possam ter reticências nas suas respostas pessoais, desejam que lhes façam perguntas a sério, olhos nos olhos, sem ecrãs pelo meio.
As JMJ são uma festa dos Jovens com Jesus. Apesar dos banhos de multidão, das enchentes no metro e nos autocarros, de não se ver nada, de se dormir mal, de só se comer fast food e de se ficar rouco de tanto cantar e gritar, Jesus fala individual e pessoalmente ao coração de cada um.
Jesus fala pelos sacramentos, pelas ocasiões de oração coletiva e individual, pela alegria dos outros, pela boa energia que se vive nas ruas, pelos inúmeros eventos e exposições, pelo olhar de uma freira, pelo acolhimento das famílias. Costumo dizer que Deus nos fala de muitas e variadas maneiras. Explica ao ouvido, Faz esquemas, Sublinha, Exemplifica e, a cada um, cabe fazer um pouco de silêncio.
Jesus fala num “sopro do coração” (canção dos Clã) e diz a cada um “Sei de cor cada lugar teu/ Atado em mim, a cada lugar meu” (canção de Mafalda Veiga).