A verdadeira guerra travada entre o Governo Lula e o Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, relativa à taxa de juros básica (SELIC) de 13,75 % ao ano, considerada muito alta pelos governistas dentro de uma realidade econômica que “recomendaria” juros menores, teve o seu desfecho com os litigantes fumando o “cachimbo-da-paz”, fazendo acordo sobre os ditos juros em 12,25 % ao ano, reduzidos em 0,50 %,inclusive com voto favorável do Presidente do BC, que não resistiu à enorme a pressão governista.
Mas essa discussão sobre a SELIC mais tem parecido discussão de bêbados sobre futebol, ou de comadres sobre desavenças domésticas. Essa discussão só serve para desviar o foco do problema, que tem realmente os juros no centro da questão, mas não da SELIC, mas nos juros diferentes de mercado para os “amigos” e “não-amigos” dos governos.
Deve-se ao filósofo francês Joseph Marie De Maiste a famosa frase “cada povo tem o governo que merece”. Nesse sentido, qualquer observador estrangeiro mais atento não faria certamente nenhum juízo positivo sobre as qualidades politicas do povo brasileiro, à luz dos seus governantes ,pressupondo-se, ”eventualmente”, verdadeira a conclusão do filósofo francês.
Esse “história” não é recente. Vem desde 1998 .Os brasileiros leram por diversas em todos os jornais ”manchetes” sobre a retomada do crescimento econômico que acabou nunca chegando, e não passou de discurso e manipulação de dados oficiais dos políticos e governantes de plantão.
Mas os gráficos econômicos verdadeiros dos últimos tempos demonstram à saciedade de forma irrefutável que o Brasil tem sido empurrado todo o tempo num abismo sem fim, sem recursos, sem projetos, sem planejamentos, sem moral, sem vergonha, sem futuro, sem ideal e sem partido, mas teve o seu povo todo esse tempo feito de “bobo-da-corte” dos políticos, sempre disponível a acreditar que os “Messias” que o governam o resgatarão algum dia do inferno em que vive, sem dor ou sofrimento de qualquer natureza.
Segundo os proficientes estudos do economista Dr.Ricardo Bergamini, por exemplo, em junho de 2023,o volume de operações de crédito no país foi de R$ 5.401,5 bilhões (52,3% do PIB),sendo 59,05 % desse total com recursos livres, com juro médio de 44,6 % ao ano, e 40,95 % desse total com recursos concedidos por bancos públicos (Caixa, BB e BNDES),COM JURO MÉDIO DE 12,0% AO ANO. Sem dúvida esse juro especial para os “amigos” e aliados dos governos são fontes primárias de corrupção e propina. Inclusive os “ricaços” e “famosos” esvaziaram os estoques de jatinhos da EMBRAER com esses juros subsidiados pelo povo.
Roberto Campos ( o“outro”) assegurava que “não é proibido iludir o povo. É apenas cruel”.
Nesse sentido ,é óbvio que o Brasil não deve permitir nem conviver com devedores de 1ª Classe (amigos dos governantes de plantão),com juros subsidiados de 12,0 % ao ano, pagos pela miséria brasileira, e de 2ª Classe, com juros de mercado médios de 44,6 % ao ano.
“Ainda” de Roberto Campos: ”Eliminando o crédito subvencionado, descobriríamos o milagre aritmético da média: os juros tenderiam a baixar pela diminuição da procura e pela mudança de expectativa. E o mercado bancário se tornaria mais competitivo, pois os bancos não precisariam mais ser racionados, dado que o governo poderia melhor controlar a base monetária, e cessaria de pressionar o mercado financeiro que reflete fielmente o excesso de demanda de recursos por parte do setor público, quer federal, quer estadual”.
Interessante em toda essa polêmica discussão sobre a SELIC é que o Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, parece ter ignorado totalmente as profundas “lições” deixadas sobre juros por Roberto Campos.