Não vale a pena alimentar ilusões. O Papa Francisco foi bem claro, ao repetir que Deus nos ama a todos, tal como somos, com os nossos defeitos e pecados. Porque, se Deus só amasse a pura bondade, não teria lugar para nós. Quem ignora isto, desconhece até que ponto Deus ama cada pessoa, chama cada uma pelo seu nome —como também repetiu o Papa.
Certa vez, Jesus disse que não tinha vindo para os justos, mas para os pecadores. Grandioso mistério. Só Deus tem este poder de lidar com o abismo do mal e o transformar em prova de amor. É verdadeiramente grandioso este dom, que Deus deixou em herança à sua Igreja.
Um dos objectivos da Jornada Mundial da Juventude era que cada peregrino aproveitasse a ocasião para receber o sacramento da Reconciliação. Para isso, desde o dia 1 de Agosto, de manhã e de tarde, o «Parque do Perdão», instalado junto dos Jerónimos, acolheu dezenas de milhar de jovens dispostos a expor a Deus os seus erros e a pedir-Lhe perdão.
É inspirador que a própria estrutura dos confessionários tenha sido obra de 150 reclusos das prisões de Coimbra, de Paços de Ferreira e do Porto, encomendados pela Fundação JMJ 2023.
Cerca de mil padres por dia passaram horas e horas neste ministério de reconciliação. Não numa cerimónia colectiva, anónima, mas acolhendo, um a um, cada jovem. E perdoando. Aliás, não foi só no Parque do Perdão: muitos outros confessionários estiveram disponíveis, em várias igrejas de Lisboa.
Deus ouviu o arrependimento —em português, inglês, espanhol, francês, italiano, mas também em albanês, eslovaco, indonésio, neerlandês, mandarim, coreano e em muitas outras línguas— e, pelo ministério de um padre, respondeu a cada peregrino com a bênção.
Também o Papa quis ajudar nas confissões no Parque do Perdão, fazendo lá escala, antes de se dirigir para o Bairro da Serafina.
No final da JMJ, três dos confessionários serão entregues a cada um dos três estabelecimentos prisionais que os construíram, para continuarem o milagre de transformar o mal em bênção de perdão.
Deus perdoa sempre, diz o Papa.