Bela lembrança
Dos bailes lá de fora
Dando voltas no salão
Sob a luz do lampião.
Até o ano de 1917, Montenegro não contava com luz elétrica a iluminar as casas de moradia e os passeios públicos. No início do século XX a iluminação pública fazia-se através de lampiões de querosene, colocados ao alto de postes, de esquina em esquina, ao centro da rua. “Chico Lampista”, apelido do funcionário Francisco Hipólito da Silva, era quem abastecia, acendia e apagava os lampiões. Carregava consigo uma escadinha, para subir nos postes.
O Intendente Amândio Lampert (Prefeito) determinou o calçamento da rua Tomaz Flores (Osvaldo Aranha), da Ramiro Barcelos até a Estação Férrea. Uma obra excelente; por isso decidiu instalar lâmpadas alimentadas a álcool. Obteve bons resultados, mas não suficientes, a seu juízo. Os lampiões e lâmpadas era constantemente quebrados, pelos notívagos, que pretendiam deixar a cidade mergulhada na confusão.
Várias foram as tentativas do Intendente em dotar a cidade de iluminação elétrica. Todas fracassaram, por falta de dinheiro. Em 1917 a firma Gustavo Jahn & Cia contava com iluminação elétrica própria. A Municipalidade fez um acerto com o proprietário e estendeu um fio ao longo da rua principal, instalando lâmpadas elétricas em seu curso. No ano de 1919, surge a primeira usina geradora de eletricidade. Era constituída por um locomóvel da marca Bantin, de 50hp (tipo uma máquina Maria-Fumaça).
Em outubro de 1920, o então Intendente Affonso Aurélio Porto apresentou relatório dos problemas administrativos que encontrou na administração municipal, ao assumir o cargo em setembro. Dentre eles a situação da luz elétrica; o serviço era deficitário e não satisfazia aos usuários. A usina era alimentada à lenha, muito dispendiosa. Para exemplificar demonstrou que, desde o início do serviço (1º de junho 1919) até 31 de maio daquele ano, o déficit fora da ordem de 13 mil réis (a receita própria foi de 69 mil réis). Além disso, fazia-se necessário a compra de um novo motor de mais potência.
Ao depois, ainda em sua gestão, foi adquirido um motor de 70hp a gás pobre, acoplado a um dínamo Marelly. Naquele tempo a iluminação pública era feita através de 228 lâmpadas, distribuídas nos mesmos postes de madeira usados para os lampiões de querosene e álcool. Em 1927, o Intendente dr. Maximiliano Schmitz promoveu grande reforma da usina, tendo adquirido um motor de 150hp, marca Otto, que funcionou até 1938.
Mas foi na data de 22 de maio de 1938, com a presença do Interventor Federal do Estado, Cel. Cordeiro de Farias, na administração de Carlos Gustavo Jahn, que aconteceu a inauguração da segunda usina elétrica de nossa cidade, que recebeu o nome de Usina Maurício Cardoso. Inicialmente dirigida por Eugênio Thudium, depois por Willy Jahn (1940); recebeu um motor de 600hp, movido a gás pobre e acoplado a um dínamo de corrente alternada. Motor da marca Deutz Otto, adquirido ao preço de 300 mil réis – metade do valor real.
A nova usina forneceu força e luz para a cidade de São Sebastião do Caí; logo outras subestações foram criadas, sendo quatro na zona rural. Este empreendimento constituiu um fator decisivo para o desenvolvimento econômico de Montenegro. Em 1952 a situação mostrou-se diferente: a cidade passou a ser atendida em parte pela CEEE e em outra pela Tanac S/A, que tinha a sua própria fonte geradora de energia. Finalmente, em 1955, na gestão do Prefeito Germano Henke, o serviço de eletricidade do Município foi definitivamente encampado pela CEEE. O prédio da Usina entrou em decadência.
Realmente o prédio da nossa grande Usina Municipal foi depredado paulatinamente, servindo de abrigo a marginais e alcoólatras. O prédio retornou ao Município, como finalidade precípua de servir à cultura. Reforma aconteceu; ao depois o prédio passou a abrigar a Câmara Municipal de Vereadores e foi totalmente remodelado e adaptado. O Legislativo mantém no amplo salão de entrada, espaço para a realização de eventos de cunho cultural e artístico.