As Ideias Têm Consequências, da autoria de Richard Malcolm Weaver Jr. (1910-1963) aborda a Idade Moderna e procura elencar alguns dos seus males e problemas.
Historiador, intelectual e filósofo é hoje uma referência para os teóricos conservadores e estudiosos da modernidade. O seu prestígio foi tão evidente que um ano depois da sua morte, o Instituto de Estudos Intercolegiais criou uma bolsa de estudos de pós-graduação e o Rockford Institute, em 1983, estabeleceu o prémio anual de Richard M. Weaver de “Scholarly Letters”.
Nas suas considerações, Richard Weaver destaca o sentimentalismo que converteu o homem num romântico, privando-se a si mesmo do real, para se perder no ideal. Numa espécie de subjetivismo aterrador, o sentimentalista, carecendo de um centro organizador, vive dentro de suas projecções e interesses afectivos, imerso num emaranhado de incógnitas abstratas, precursoras da desarmonia e do conflito interno.
A visão metafísica — aquele sentimento intuitivo a respeito do carácter transcendente da realidade — deve actuar como princípio organizador no homem moderno. O sentimento é anterior à razão, tal como a visão metafísica é anterior ao sentimento. A sua ausência dá lugar ao relativismo, a interpretações subjetivas, marcadas pelas ideias de conveniências e reduzidas ao meramente “útil” ou “inútil”.
No livro, Richard Weaver aborda os conceitos de liberdade e de igualdade, ambos desenvolvidos, graças ao Iluminismo e à Revolução Francesa. Considera porém que, a defesa destas ideias conduz a uma distinção criminosa.
Muito mais justo será o sentimento de fraternidade, proposto por Richard Weaver, em que o fraterno contempla o irmão mais novo e mais imaturo e contenta-se com a sua ausência de responsabilidades; admira o irmão mais velho que, por ter mais idade, suporta deveres mais árduos.
A fraternidade é, portanto, um sentimento que reconhece as afinidades e deveres de cada indivíduo como membro de uma comunidade e a importância de cada elemento para o funcionamento do todo.
Enquanto o igualitário se centra nos seus próprios direitos, o fraterno, supera este egocentrismo e foca-se nos seus deveres. Só com o espírito de fraternidade poderemos, um dia, contemplar um sistema justo e harmónico, onde o trabalho será visto como um serviço honroso e necessário ao normal funcionamento da sociedade.
Com grande destaque, expresso neste livro, o autor apelida o conjunto, imprensa, rádio e cinema, de “A Grande Lanterna Mágica”, porque a sua função é a de projectar imagens selecionadas da vida, na esperança de que toda a população as absorva e imite, ficando assim, naturalmente implementado, o “politicamente correto” .
A Grande Lanterna Mágica, com seu grande alcance, dissemina à população inteira estereótipos que servam ao ideal do progresso social. Com o seu grande poder de presença, “a vítima” é persistentemente perseguida até que seja “capturada”, e poucos serão os que sobrevivem ao seu poderoso poder.
Os operadores da Grande Lanterna procuram manter a população afastada das realidades mais profundas. O filósofo ou o homem que não alinha neste sentido, é um “notório mau consumidor” e, mais do que isso, uma influência perturbadora para os objectivos da Lanterna.
A única solução para combater o egoísmo do homem moderno, que não sabe de onde veio, nem para onde vai, será levá-lo a refletir sobre o que é a vida, mistério e drama humano.
Uma existência partilhada com o outro, com caridade e tolerância, será uma “ideia” que terá “consequências” benéficas para toda a humanidade.
Esta é a desafiante mensagem que o autor nos propõe.