A construção do palácio
Começou!
Com a inserção
Da primeira pedra
As outras vieram ao seguir
Aurélio Porto, como Intendente de Montenegro, determinou a aquisição de terreno e prédio à Praça Marechal Deodoro, então sede do Tiro de Guerra 87, para a construção de um edifício a abrigar a Intendência. O jornal O Progresso, de 7 de julho de 1921, estampou notícia da demolição do prédio ali existente. O Tiro de Guerra foi instalado em outro local, até a efetiva construção da sede própria, sob a responsabilidade do Governo Federal.
Em 14 de julho do mesmo ano, aconteceu o lançamento da Pedra Fundamental do novo prédio, já em construção à Praça da Matriz, esquina São João com a rua Barão (João Pessoa). Ao ato solene compareceram diversas autoridades, destacando-se o Intendente Affonso Aurélio Porto e o cidadão Amandio Lampert, presidente da Comissão Executiva da Obra.
Na base angular do futuro edifício foi depositada uma caixa de ferro, contendo a Ata do evento, subscrita por todos os presentes, relatórios municipais, cópia da lei sobre o Imposto Único de Montenegro, exemplar dos jornais O Progresso, Correio do Povo e A Manhã; também moedas, selos e outros comemorativos. As obras já seguiam por três frentes.
A construção do edifício andou rápida. Em 31 de dezembro de 1921 foi levantada a cumeeira do prédio; na oportunidade, o Intendente Aurélio Porto ofereceu um churrasco aos operários, com o comparecimento de várias outras pessoas consideradas gradas. A solenidade teve início com um brinde de champanhe. O Dr. Chagas de Carvalho proferiu discurso enaltecendo a administração e a capacidade de trabalho de todos, especialmente o dos operários.
O Dr. Maximiliano Schmitz falou e elogiou o Imposto Único Municipal, cuja arrecadação a maior possibilitou a construção do edifício a abrigar a intendência. Muito importante a manifestação de Campos Netto: enalteceu o trabalho de intendentes anteriores, por suas obras, especiais ao engrandecimento de Montenegro:
Álvaro de Moraes homenageado por sua iniciativa e árdua luta na construção dos Cais ao longo do rio, numa extensão de quase um quilômetro; a obra represou as águas do Caí, evitando as constantes enchentes. Amandio Lampert mereceu homenagem pelo início do calçamento na cidade, com grande melhoramento no trajeto da Viação Férrea ao Porto. O Dr. Joaquim de Oliveira foi enaltecido pela implantação e inauguração da luz elétrica na cidade, grande aspiração dos habitantes.
Impõe dizer que a construção do edifício, futura sede da intendência, dividiu as autoridades públicas, especialmente os membros do Conselho Municipal, com posições contrárias. Os Conselheiros Germano Leser e João Augusto Brochier mereceram elogios por sua postura e luta em favor do projeto de construção do edifício.
Zero hora do dia 07 de setembro de 1922, frente ao novel prédio da Intendência, aconteceu salva de 21 tiros por parte dos militares do Tiro de Guerra. O frontispício do edifício estava iluminado com as cores da bandeira nacional. Aos que se fizeram presentes, foram distribuídos sanduíches e chope.
O Conselho Municipal reuniu-se extraordinariamente, por convocação do Intendente, para a recepção e inauguração oficial do Palácio da Intendência. 15 horas, sob a presidência de Leovigildo Ramos de Souza as solenidades formais tiveram curso, com discursos de Aurélio Porto e do próprio presidente. Na oportunidade, o Intendente recebeu uma estatueta cunhada em bronze e um cartão de prata comemorativo ao evento. Aos participantes foram distribuídas medalhas do Centenário da Pátria e da Inauguração.
No horário das 16h30min, ocorreu passeata cívica pelas ruas da cidade, em homenagem ao Centenário da Independência. Desfilaram o Tiro de Guerra 87, os colégios locais, as associações com os seus sócios, com exceção do Clube Riograndense, Foot Ball Montenegro, Turn-Verein e Frei-Schutz (muito sintomática a exclusão: certamente pelo cunho germanófilo das entidades).
Por derradeiro, no horário das 21h, ocorreu um baile nas dependências do prédio da nova Intendência, com a participação de inúmeros casais convidados e autoridades. Todos foram recepcionados com uma taça de champanhe. No dia 09 aconteceu a visitação pública do palácio. O nome de Palácio Rio Branco foi em tempo posterior.
O prédio foi construído pela empresa J.C. Petry; o projeto de construção elaborado pelo Engenheiro Ernesto Zietlow.