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Alphonse de Lamartine (1790-1869) “O lago”, 1820

  • Outubro 2, 2023
  • Cultura
  • Rosarita dos Santos

 

 

Nosso autor de hoje chama-se Alphonse de Lamartine, ele nasce em Mâcon, uma região do leste de França, e morre em Paris; ele vem de uma família abastada e ao mesmo tempo dedicada à literatura e às artes em geral: tanto sua progenitora como seus parentes próximos estão arrolados entre os compositores e autores teatrais dos séculos XVIII e XIX. O autor, desde jovem, recebe uma bela educação em boas escolas e vive uma vida de lazer e de reconhecimento pelo nome de sua ascendência, assim como recebe a benesse de sua provisão.

Lamartine é um poeta, romancista, dramaturgo, historiador, professor de gramática e de literatura, e também é uma personalidade política que participa intensamente na revolução de 1848 em seu país, quando se proclama a chamada Segunda República provisória de França (de 1848 à aclamação do imperador Napoleão III, em 1852).

Nesse período, Lamartine torna-se o magistrado de sua cidade, Milly, mais adiante continua como deputado – até 1850 – e termina como conselheiro municipal e regional até 1852. O poeta é uma das figuras mais incisivas dessa composição política, ao mesmo tempo em que se consagra como uma das grandes figuras dos romantismo ocidental, ao lado de autores de Alemanha e de Inglaterra.

Retornando à literatura, sabemos que a língua francesa é reconhecida por seus inúmero poetas, os quais sabem provocar emoção em seus escritos, muitos deles românticos, e bem próximos da maestria. Pois bem, na relação de obras literárias de Lamartine, destacam-se treze coletâneas, cada uma delas repleta de seus poemas, mais seis romances em prosa, algumas epopeias ou romances em versos, três longas obras teatrais, vários textos históricos, e ainda biografias, correspondências, músicas e seus célebres “Cursos familiares de literatura”, de 1856.

De todo esse universo erudito, destacamos “O lago” (em francês, “Le lac”), de 1820. Este é considerado como a joia da poesia romântica, ele faz parte de uma coletânea intitulada “As meditações poéticas”, ele é composto de quadras (ou quatro versos), as quais acompanham o ritmo e as emoções do autor; ademais, este poema é o símbolo do tempo que passa, do amor efêmero e da angústia diante da morte; a fuga do tempo é o elemento fundamental dessa obra.

Começamos: “Assim, sempre empurrado para novas praias, / Na noite eterna levada sem volta, / Nunca ficaremos no oceano das eras / Lançar âncora por apenas um dia? // Ó lago! o ano mal encerrou sua carreira, / E perto das ondas queridas que ela veria novamente, / Olhe! Venho sozinho sentar nesta pedra / Onde você a viu senta-se! // Você gritou assim sobre essas rochas profundas, / Assim você se quebrou sobre seus flancos destroçados, / Assim o vento lançava a espuma de tuas ondas / Sobre teus pés adorados. // Uma noite, você se lembra? vogávamos em silêncio; / Podíamos ouvir ao longe, nas ondas e sob o céu, / Somente o som dos remadores que batiam com cadência / Suas ondas harmoniosas. // De repente, sons intensos desconhecidos para a terra / Da costa encantada vieram os ecos; / A água do lago estava atenta, e a voz que me é querida / Deixou cair estas palavras, e a voz que me é querida / Deixou cair estas palavras: / “Ó tempo! suspende teu voo, e vós, aupícios felizes! / Suspendei vosso curso: / Deixem-nos saborear as efêmeras delícias / De nossos dias mais belos!  //  “Amemos, então, amemos! da hota fugitiva, / Apressêmo-nos, aproveitemos! / O homem não tem porto, o tempo não tem limite: / Ele flui, e nós passamos!” // Tempo ciumento, será que esses momentos de embriaguez, / Onde o amor a grandes fluxos nos derrama a felicidade, / Voando para longe de nós na mesma velocidade / Como os dias de infortúnio?  // Que o veno que geme, a roseira que suspira, / Que os leves perfumes de teu sopro perfumado, / Que tudo que se percebe, que se vê ou se respira, / Tujdo diga: Eles de amaram!”

“Le lac” é um poema inspirado na ligação amorosa de Lamartine com sua amada, de codinome “Elvira”; a jovem sofre de uma doença incurável, ela morre e o poeta retorna ao local onde ambos haviam passado momentos felizes; a partir de então, ele medita e produz essa reflexão da fuga do tempo.

Ressaltamos tambem que o autor se apercebe da celeridade com que passam seus momentos felizes, o caráter efêmero dos curtos momentos de felicidade. A natureza também se mostra em sua superioridade contra os jovens amorosos; mesmo que queiram, eles não podem resistir ao final que lhes impõem o mundo em que vivemos.

Finalmente, podemos afirmar que os sentimentos recônditos do autor afloram nesse poema, onde natureza e humanidade se confrontam, onde tempo e amor se buscam em sua pretensa eternidade.

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