«A importância de Gramsci para nós, hoje, assenta na sua tentativa resoluta de retirar o trabalho de revolução das ruas e das fábricas para o reino da alta cultura, que poderia ser conduzida sem violência e cujo local seriam as universidades, os teatros, as salas de conferências e as escolas onde os intelectuais encontram a sua principal audiência. O trabalho da revolução implicava doravante um ataque ao velho currículo e às obras de arte, literatura e crítica que lhe pertenciam. Deveria ser um trabalho de subversão intelectual, expondo as redes de poder, as estruturas de dominação que permaneciam ocultas dentro da alta cultura da nossa civilização, para libertar as vozes que por ela foram oprimidas. E tem sido assim o novo currículo na área das humanidades». (Tolos, Impostores e Incendiários, Pensadores da Nova esquerda, de Roger Scruton, Quetzal Editores)
Um novo idioma foi criado, a Novilíngua, não com outras palavras, mas com supressões ou novos sentidos, cuja função é restringir o alcance da racionalidade.
A Novilíngua ocorre sempre que o propósito primordial da linguagem – descrever a realidade – é substituído pelo propósito rival que é o de exercer poder sobre a realidade. Os muitos pensadores de esquerda, como Lacan, Deleuze e Althusser, dedicaram o seu trabalho à desconstrução do que era considerado legalidade, autoridade, legitimação do poder, luta e dominação. Como salienta e reforça Michele Foucault, no seu livro “Vigiar e Punir”, por detrás da linguagem estão as estruturas secretas do poder. “Um déspota estúpido pode subjugar os seus escravos com correntes de ferro; mas um verdadeiro político prende-os ainda mais com as correntes das suas ideias (…). O elo é tanto mais forte quanto não soubermos do que é feito”.
De acordo com o dicionário, Novilíngua é uma língua ou discurso voluntariamente ambíguo ou eufemístico, para enganar ou manipular, geralmente usado em contexto político ou para fins de manipulação.
Na ditadura do pensamento o diálogo não é possível, a verdade e o óbvio foram expulsos, só existe a propaganda para os espíritos que se vão familiarizando com a imposição repetitiva do “politicamente correcto”.
Paulatinamente, fomos assistindo a uma vertiginosa transformação da linguagem, através da difusão instantânea e planetária dos meios de comunicação.
Com o controle da linguagem pretende-se manipular a maneira de pensar e modificar também os comportamentos. Com termos afáveis e afetuosos mascaram a opressão, o controle, a privação da liberdade e o desespero num mundo onde o pensamento divergente se torna crime.
A transformação da linguagem política tem sido o principal legado da esquerda – A ética global coloca-se acima de tudo: da soberania nacional, da autoridade de pais e professores e dos ensinamentos das grandes religiões do mundo. O seu grande objectivo é desconstruir deliberadamente o pensamento, a consciência, a humanidade e a realidade.
O discurso socialista da Novilíngua é um mundo de forças abstractas cujo propósito primordial é descrever a realidade exercendo poder sobre ela, sobre as coisas e triunfar sobre os outros.