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Ciranda da Vida – Uma história

  • Outubro 23, 2023
  • Cultura
  • Ernesto Lauer

 

Essa lembrança que nos vem às vezes…
folha súbita
que tomba
abrindo na memória a flor silenciosa
de mil e uma pétalas concêntricas…

(Mário Quintana)

 

Por longo tempo, a vontade de escrever a lembrança de um tempo mui distante, não passou desapercebida; mas desvanecia ao escrever. Ao poeta asseguro certeza: a lembrança é como a folha súbita, tomba ao aparecer, abrindo espaço à memória, como flores silenciosas, por suas pétalas, concentradas em camadas.

Os fólios dos jornais de antigamente, como simples espectador não participante, de uma sociedade de outrora, dos tempos redivivos da tradição oral e do tanto que o Jornal O Progresso encerra, eu leio avidamente. Como eu queria retroagir ao passado, em corpo presente, numa máquina qualquer, rever conhecidos e escrever um tanto da história nos tempos atuais.

Só posso viajar pela LEMBRANÇA, a qual agora deixo ao conhecimento daqueles que um dia compartilharam a esperança de melhores dias e partiram para a luta; abriram as fronteiras da terra montenegrina, recebendo e amando os (as) que vieram em busca dos amores e por aqui permaneceram, ou dos que seguiram alhures, os que lhe abriram os horizontes de um novo porvir.

Queria dizer para a Sandra, Arabela, Marta, Joanita, Zoé, Jussara, as irmãs Orth, Sandrinha, Beti, Iara, Jacira, Tagira, entre tantas, que o lapso temporal faz olvidar, o quanto amei conhecê-las, o quanto busquei reciclar-me, ao observar a beleza de cada uma e das outras tantas cujos nomes deixei passar. Fui um apaixonado pelos trejeitos das moças montenegrinas … Como queria lembrar de todas. Hoje, grande bem-querer permanece, pela prima Henriete Müller … A nostalgia deu causa à busca; Pelo lado materno, Henriete é Matzembacher, minha prima, parentesco que só agora descobrimos.

 

 

Buscar a lembrança … A folha caída dos anos que se quedaram no antigamente! Por morte do meu tio Arnoldo Kauer voltamos a Montenegro; a morar na Rua Dr. Flores, que Tristão apelidou de Rua da Praia. Contava próximo dos seis anos, quando seu Arno alugou uma casa na Ramiro, ao lado do Açougue do seu Artur Costa, bem mais perto do seu lugar de trabalho.

Era um guri faceiro de 6 anos de idade; brincava de mocinho pelas cercanias e enchia o saco dos vizinhos. Pela Ramiro e João Pessoa não faltavam espaço para os índios estilizados dos guris de antigamente. Mocinhos lutavam bravamente contra os aborígines, que eu pouco conhecia. Presenciei o seu Osvaldo, do Armazém Defesa, começar a compra e venda de bananas. Moços, adultos e idosos carregando balaios com a amarela e comprida fruta, desfilavam oferecendo e vendendo o mais novo produto.

Seguido ganhava uma banana do seu Osvaldo, para ir embora e não ficar incomodando à frente do grande portão que levava ao depósito. Mesmo depois de avançar em idade, o seu Osvaldo continuava a chamar-me de guri e a mim vender rojões, que a outros não vendia. Um homem político, sempre com uma palavra amiga, nunca esmoreceu … Foi um lutador, ao lado da esposa Odila.

Nesta e nas colunas que seguirão, tenho por objetivo dar ao conhecimento da luta e labor do meu pai, tio Oscar e vovô Kauer pela continuidade da fábrica iniciada pelo tio Arnoldo Kauer, meu padrinho, situada na Rua Ramiro Barcelos, logo acima da moradia do casal Jandira e Milton Goulart, aos fundos do Bar da Milica Moraes (minha eterna amiga) e marido.

O quanto posso olvidar, ativar incertezas ou mesmo falsear a verdade. Não é o meu objetivo. Simplesmente conto o que a lembrança conserva e faz brotar ao escrever. O senhor meu pai era sapateiro, com atividade desenvolvida na Fábrica Madecal, na Vila Scharlau, em São Leopoldo.

Quando em Montenegro, por convite do meu avô Oscar Arvedo, ficamos morando em sua casa, lá na Dr. Flores. Tinha quatro anos de idade e comecei a conviver com os guris da vizinhança, aprendendo o português (até então só falava alemão). O seu Estácio, com sua carrocinha, a dona Nadir e filhas, seu Lino e dona Zilda, filhos Betinho, Bruno e Terezinha, o Abílio e Carlito Marca, esposas e filhos, num mundo circundante de amigos, como o Lineu e Milton Machado.

Não posso deixar passar, o grande amigo NENÊ, ainda hoje trabalhando na recepção do prédio onde está o consultório do Dr. Ossanai. Vejam: somos os que recebem, alegres e faceiros; damos a conhecer os que nos fizeram bem, sem busca de trocas ou alternativas; simplesmente porque nos ensinaram a guardar e relatar a verdade.

Por aí seguimos … o continuar se impõe em razão da verdade … daquilo que observamos, guardamos e … certamente, um dia teremos que trazer ao conhecimento dos atuais montenegrinos, ainda sob os auspícios daquele que aos escritos deram vida.

 

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