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Ciranda da Vida – Uma história II

  • Outubro 30, 2023
  • Cultura
  • Ernesto Lauer

 

Eu, agora – que desfecho!
Já nem penso mais em ti…
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
(Mário Quintana)

 

Brumas que envolvem o passado, capazes de toldar a lembrança e relegar tantos fatos ao esquecimento. Falta-nos o lenitivo a impulsionar a inspiração e lembrar que de tudo não esquecemos. Quintana, grande poeta, sempre a abrir caminhos pela força de um simples verso. Não sou alguém que vive do ou pelo passado; já não penso nos constantes amigos, comigo dividiram os intricados espaços de uma infância e adolescência. Simplesmente nunca deixo de lembrar que os esqueci.

Inequívoca metáfora: já não os penso, mas nunca deixo olvidar que esqueci os tantos quantos amigos de uma época, grande felicidade. Éramos nós próprios a tudo fazer e dar ao cotidiano as coisas simples de uma brincadeira – Já não brincam de esconder, caçador, jogo de cabeça, calçada é minha e passar o anel … Entre outras tantas.

Nos tempos que nos envolvem, nossos netos – quem sabem filhos, de alguns hodiernos, que honram com a leitura, já não se brinca; se for jogar, será em escolinhas, pagas pelos honoráveis progenitores. Assim é com o fazer exercícios, jogar vôlei, buscar alternativas saudáveis alhures e por aí … Quem, no Poder Público, pouco importando a esfera, preocupa-se com os IDOSOS? Se esquecem das próprias crianças e adolescentes.

Foi um simples parêntesis, ao meus escrever; o HOJE pertence aos atuais; sou um mero espectador das omissões que se repetem, daquilo para o qual já não tenho voz … quem sabe o escrever… mas os ouvidos são poucos ou moucos!

Enquanto vida houver, vou escrever; enquanto agradar, vou publicar. Quando nada for suficiente, certamente sairei em busca de alternativas; o que a história reserva, quem sabem nem a todos agradará.     Contava uns 6 anos de idade, encarregado de cuidar da Iara, nascida no ano anterior. Foi nessa época que o seu Arno começou a viajar a Porto Alegre, para comprar produtos direto da fonte produtora.

Lembro que ele começou a consertar sapatos, além do trabalho na fábrica. Com o tempo, passou a vende-los, já manufaturados, vindos da empresa em que havia trabalhado, na Vila Scharlau. A loja tomou vulto e a firma Lauer & Kauer experimentou crescimento. Do seu Rudolfo Gauer ele comprou a casa na Ramiro Barcelos, 2153; fábrica e loja para o novo prédio foram transferidas.

Andávamos pelo ano de 1958 – muito bem recordo, por ter ouvido a Copa do Mundo, num grande rádio colocado entre a loja e a fábrica – o pessoal podia trabalhar e escutar o jogo. Com o Brasil campeão, o futebol mereceu um grande alento e incentivo. O material esportivo começou a aparecer: a produção de chuteiras para a gurizada imediatamente ganhou mercado – antes jogava-se de pés descalços ou de tubijeira. Guri não jogava de meia comprida; agora elas apareceram em tamanho menor. Foi uma revolução.

A bola se popularizou; até então jogava-se com bola de couro, se os maristas a emprestassem. Eventualmente alguém aparecia com uma bola Cauduro ou Lusbal, adquirida em Porto Alegre. Havia muita bola de borracha, em vários tamanhos e mais baratas. A loja tinha que acompanhar o correr da história e passar a vender mais produtos esportivos, como de fato aconteceu.

Então, numa manhã, o pai pegou o ônibus e se foi para Porto Alegre; a sua volta era aguardada com ansiedade, por sempre trazer empadas e maçãs. Naquele dia a surpresa foi maior: apresentou-se muito contente, com largo sorriso estampado no rosto. Na Capital do Estado conhecera um jovem muito simpático, filho de um dos sócios da Loja Cauduro, com filial na Rua Voluntários da Pátria nº 75, de nome Elohy Ângelo Cauduro.

 

Aos fundos da loja eles tinham atacado, com preços mais em conta para volumes maiores. A dificuldade do crédito – A Lauer & Kauer comprava sua matéria prima sempre à vista – ou pela confiança do representante comercial, que, por conta própria, concedia algum prazo para pagamento.

Abro um parêntesis, para uma assertiva verdadeira: as mercadorias produzidas pela nossa fábrica eram de ótima e reconhecida qualidade (ainda hoje existem malas e baús que foram produzidas pela Lauer & Kauer). Por isso, que grande número de representantes, também, vendia produtos da fábrica – havia compensação entre a compra e venda.

Inegável que, entre o Elohy Cauduro e meu pai, houve uma empatia mútua, desde o primeiro aperto de mão. Assim, a loja começou a vender os produtos Cauduro, em especial as bolas de couro, desde a número 1 até a 5 e oficial.

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