Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança (Cecília Meireles).
Quando escrevo colunas sequenciadas, entre anterior e seguinte, valei minha esperança em busca das lembranças de um tempo a povoar minha cabeça. Gostaria de retroagir em pessoa, andar pelo tempo como numa utópica máquina, a remeter-me aos anos desse significativo espaço temporal. E assim continuo minhas reminiscências:
Depois de algumas idas e vindas a Porto Alegre, na nova relação comercial com a empresa Cauduro & Irmãos Ltda, a acanhada loja da família tomou vulto e expressão. Em Montenegro podia-se encontrar alguns produtos esportivos, nunca o suficiente para um time inteiro; agora, esse maior estoque já existia na Loja Lauer & Kauer.
O relacionamento assim seguiu; novos produtos surgiram, como taças, troféus, medalhas e cartões de prata, especiais para os eventos esportivos. Com o andar do tempo, já desfeita a sociedade, a agora Casa Lauer especializou-se em materiais esportivos, em toda a sua gama de produtos. Por isso o seu Arno vendeu a loja de calçados para o seu Konsen, que abriu a Loja Cinderela, ainda hoje remanesce.
O Elohy Cauduro resolveu casar com a dona Dirvânia e convidou meus pais para o casamento (não lembro se não padrinhos?). Sei que eles foram (meu pai nunca teve carro, mesmo sabendo dirigir); como! Não recordo. Talvez tenham dormido na casa da madrinha Ilma. Lembro que voltaram deslumbrados com a cerimônia, falando da beleza da noiva e da especial cerimônia e festa.
A amizade plasmou, sedimentada no bem-querer; do novel casal, com o tempo, filhos nasceram e foi uma alegria virem a Montenegro, apresentar os dois meninos. Eu estava de saída, mas fui até o carro conhecer as crianças – O Fredi acho que estava brabo, tinha chorado e não simpatizei muito; o outro, Rogério, era menor, moreninho, mais calmo. A dona Dirvânia, muito polida e educada, era de um falar manso; muito bonita.
E foi assim que travei meu primeiro conhecimento com a família de Dirvânia e Elohy Cauduro. O casal ainda teria uma menina, com a qual nunca mantive um maior relacionamento. Por esse tempo já contava perto dos 15 anos de idade. O pai ensinou-me o caminho da rodoviária de Porto Alegre até a Loja Cauduro na rua Voluntários da Pátria, 75; seguidamente ia de ônibus até lá, buscar mercadorias e levar taças e troféus para gravar.
O Elohy apresentou-me para o seu Hermínio Bittencourt, integrante da diretoria do Grêmio Foot Ball Porto Alegrense (Ele tinha Chapelaria, quase defronte da Cauduro). Através dele passamos a vender as revistas do Grêmio e depois tornou meu pai Cônsul do Grêmio. Gostava muito de ir no 5º andar do Edifício Brasília, onde ficava a sede do clube e comer empada no bar ali localizado.
O tempo corre e nos faz avançar em idade e compromissos. E o primogênito de Luiza e Arno Lauer partiu para a Faculdade de Direito (PUC), lá pelo ano de 1965. No primeiro ano morei na Capital com amigos daqui – Pensão Seleta, Pensão da Riachuelo e Galeria Nação, na Dr. Flores. Nos quatro anos seguintes viajei diariamente a Porto Alegre – saia no ônibus das 6h e voltava naquele de 11h45min, com o banco nº 4 sempre reservado para mim.
Nessas idas e vindas, por muitas vezes fui buscar mercadorias na Loja Cauduro, ou o amigo Elohy mandava entregar na Rodoviária. Já em 1967 trabalhava com o Dr. Schüler, no período da tarde e dava aula no curso ginasial noturno do São João. Foi a época em que deixei totalmente as atividades na loja da família; também deixei o maior relacionamento com a família Cauduro.
E o tempo continuou andando; advogado formado, fazendo política, fui eleito vereador por duas legislaturas – 1973 – 1976 e 1977 – 1982, quando ingressei no Ministério Público, depois de regular concurso de provas e títulos. Exerci minha atividade pública por diversas comarcas circunvizinhas; em 1989 fui promovido para Porto Alegre – DAÍ COMEÇOU O RELACIONAMENTO COM A POQUER!