Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres
Caminhei o meu caminho pelas veredas da vida, até um tempo em que o senhor meu pai nos deixou. Novamente fui chamado para dar continuidade ao seu negócio; meu filho Fabrício já o ajudava, mas o novo compromisso era grande demais para um iniciante. Lá fui, cuidar das compras, das operações bancárias e, ainda por cima, continuar minha atividade como Promotor de Justiça, agora na Coordenadoria da Infância e da Juventude de Porto Alegre. Morava em Montenegro, o que demandava viagens diárias a Capital.
Por esse tempo, o Fredi e o Rogério Cauduro já tinham avançado pelos anos da vida e estavam ajudando o pai nos negócios e representadas. Primeiro mantiveram escritório de vendas e representações perto da Mesbla e depois mudaram para um grande depósito na Avenida Brino, em Porto Alegre. Agora com uma empresa própria, chamada de POKER (mas nenhum deles era dado ao carteado).
Já estavam produzindo camisetas e especialmente luvas de goleiro, que começaram a rivalizar com as “Reusch”. O esporte era a marca registrada da Lauer e a POKER nossa maior parceira. Diariamente ao trabalho em Porto Alegre; quando de alguma encomenda, passava antes pela Avenida Brino, fazia o pedido, com o meu grande amigo Santiago, e retirava a mercadoria na volta para casa.
Andava o ano de 1993 pelo início, quando mais uma vez cheguei ao depósito da POKER. Feita a encomenda, o Rogério falou que estariam de muda para Cachoeirinha. Num relance, disse que “NÃO poderiam; então que viessem a Montenegro, onde o Elohy já era dono de uma área de terras junto ao Morro Montenegro”. Comprometi-me que falaria com o Prefeito Ivan, naquela mesma noite, ao regressar.
E lá se vai o tempo: exatamente trinta anos, quando o Ivan atendeu minha ligação telefônica; expliquei a situação e a resposta foi seca: “É NOSSA! O Município tem terrenos na Via II e amanhã já vou providenciar”. Foi justamente o que aconteceu; pai e filhos vieram olhar a área e se agradaram. Conversaram com o Ivan e os detalhes burocráticos passaram a acontecer, com posterior aprovação da doação por parte do Poder Legislativo. O vereador Cilon Machado foi conhecer a POKER e voltou falando favoravelmente à aprovação do projeto-de-lei.
Os procedimentos oficiais ocorreram, a escritura foi lavrada e registrada: as obras tiveram início e dentro de pouco tempo, a POKER era realidade em nosso Município. Paulatinamente o empreendimento tomou vulto; A autenticidade da grandeza está ao alcance de cada um de nós, um pouco acima do Hospital da Unimed. Foi uma proposta, um compromisso que deu certo e perdura já por três décadas em nossa terra.
De pronto a família Cauduro veio morar em Montenegro, alugando a casa de propriedade da família Hoffstätter, na encosta do morro São João. Logo a seguir, os filhos, já casados, cada um deles construiu sua própria moradia em nossa cidade; assim também o amigo Elohy (ficou até o seu derradeiro suspiro). Fredi por aqui ainda permanece e Rogério, por questões familiares, mudou para Porto Alegre, ficando no constante deslocamento.
Posso assegurar a cada um dos que comigo dividem este escrito, que não imaginava, ao tempo em que sugeri a vinda da POKER para Montenegro, que a empresa alcançasse a grandeza que hoje experimenta, vendendo seus produtos por todo o mundo. Não me causa assombro, pois os moços foram muito competentes e souberam desenvolver a proposta inicial do pai.
Através das minhas últimas quatro colunas busquei relatar uma história: das famílias Lauer e Cauduro por mais de 60 anos. De início a empatia entre nossos dois grandes e sempre lembrados progenitores; ao depois a amizade e confiança, dando causa a uma parcela no desenvolvimento de nosso Município. Se acreditei na proposta da POKER, no padrinho IVAR encontrei reciprocidade; no Elohy, Fredi e Rogério a vontade de progredir e juntos transformarem o destino de tantos colaboradores e o engrandecimento de nossa terra.
POKER, UMA REALIDADE, depois de um sonho.