Trovo hoje, trovo amanhã
Trovo o resto da semana!
Quem quiser saber meu nome:
Eu sou Pedro Delmar Vianna.
Primo consanguíneo de minha esposa Nereida, por isso meu primo por afinidade, Pedrinho Vianna, na noite de 25 de novembro de 2023, respirou pela vez derradeira, experimentando o fim irreversível de toda entidade viva. A morte desperta saudades eternas nos corações daqueles que conviveram com Pedrinho. Nesse momento difícil, importam as suas boas memórias, pois são elas que o tornam sempre vivo em seu coração!
Pedrinho foi meu colega de colégio e de turma, muito antes do parentesco se efetivar. Fomos amigos, participando das reuniões dançantes, dos bailes nos clubes locais e salões pelo interior. Ele sempre foi uma pessoa muito alegre e bom cantor – até cantou em um Conjunto Musical. Foi trabalhar no INPS e morou em Estrela, se não falha minha memória.
Voltou para Montenegro e casou com Mara Gauer, Princesa do Centenário de nosso município. O casal deu à luz dois meninos; eles cresceram, casaram e ao mundo, também, deram vida: os sempre queridos e estimados netos, dos quais Pedrinho sempre falava, com largo sorriso de um avô coruja apaixonado.
Por onde o Pedrinho passava deixava um rastro de alegria; por vezes calado, num supetão dizia versos de improviso, como o das “mocinhas do Pareci que gostavam muito do Pedrinho” Por outras, ele afirmava que o seu nome estava errado: Pedro DELMAR. Sempre fora homem do RIO e na praia dificilmente tomava um banho no mar. Por isso, deveria ter merecido o nome de Pedro DELRIO.
Era amicíssimo do Dr. Mattana, com o qual trabalhou por muitos anos no INPS. Certamente no seu reencontro com o mestre, já não precisará marcar hora para pacientes com o médico; estará em um lugar onde o tempo não mais importa e as dores e doenças no mundo terreno ficaram. Estão em um lugar melhor, caminho derradeiros de nós seres finitos.
Nós dois, por longos anos, fomos considerados “perus oficiais” dos jogos de canastra no Clube de Regatas, Caça e Pesca Cruzeiro do Sul. Quando encontrávamos parceiros jogávamos uma canastra; infelizmente alguns nos deixaram e outros mudaram de cidade. Restava olhar os jogos dos parceiros considerados profissionais. Era o que fazíamos, tomando água mineral, um dia pago por mim e outro por ele. Fomos próximos; quando comecei a escrever o livro sobre o Sesquicentenário de Montenegro, deixei de comparecer ao Clube.
Ficou um hiato em nossos encontros diários. Num tempo atrás, o Pedrinho veio até a minha casa para conversar com a Nereida e acertar o bolo para o aniversário de 100 Anos da tia Consuelo Vianna Braga. Ele assumiu mandar fazer e levar o bolo no dia da festa. Foi o que realmente aconteceu. O tempo correu e a dolorosa notícia surgiu através de uma mensagem a mim postada pelo Felipe, filho do Pedrinho.
Estou em casa, convalescendo de um sério problema intestinal, sequela da hérnia incisional da qual sou portador. Ao velório, ato de decisiva despedida, não pude comparecer; por isso não posso olvidar deixar uma derradeira mensagem através da coluna semanal, inserta no Jornal On Line de O Progresso.
A dor da despedida é relevante, até para reviver e revisitar tempos de vida em comum. Minha mensagem é de enlevo e de agradecimento ao Poder Superior por ter o Pedrinho como meu amigo e primo. Nereida e eu apresentamos a Mara, filhos, noras e netos os votos de profundo sentimento pela perda. No Café Comercial faltará um parceiro para a canastra. Lá no Rigon, o Wilson sentirá o vazio da presença diária do Pedrinho; pelas nossas ruas ele já não mais caminhará; aos amigos a lacuna pela falta; ficará a lembrança.
O sol se esconde/próximo à linha do horizonte/ iluminando a atmosfera/ num lusco-fusco de cores/ do carmesim à púrpura/ lembrando o sacrifício de um dia/ ao andar o tempo encerra/ é chegado o declínio … O escurecer/ de mais um dia em nossas vidas / a noite, ao crepúsculo segue/ sempre, todos os dias/ ATÉ O FINAL DE NOSSO TEMPO … O OCASO DERRADEIRO.