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Final de ano: dons e tempo para agradecer

  • Dezembro 8, 2023
  • Religião
  • Padre Aires Gameiro

Final de ano, tempo de avaliação. A psicologia positiva foca-se nos dons e esperança que animam a vida e a saúde mental. Esta corrente impulsionou a Reabilitação Psicossocial, ao contrário das que se focam nas patologias e limitações. Avaliar o positivo pelos dons recebidos, ainda que limitados, torna-se caminho de mais ser e da felicidade possível. Quando se lê o livro das “12 regras da vida” de Jordan Peterson sente-se a diferença. Desde o século XIX multiplicaram-se as literaturas de pendor pessimista, niilistas do absurdo da vida. O niilismo resulta em genocídios, holocaustos, gulags e holodomors, milhões de mortes. Esta época do Natal é um convite a reler o Evangelho, descobrir a sua novidade de esperança oferecida por Jesus Cristo, o maior dom que a Humanidade recebeu.

O psicólogo Jordan põe o sentido da vida no ser que se é e no mais ser possível. Apesar de todas os sofrimentos somos convidados a agradecer cada manhã os dons que recebemos. O pequeno dom de um copo de água dado e recebido já é grande dom da vida para exclamar, cada dia: estou vivo! Os dons de ser são lufadas de vida, em precioso invólucro de amor gratuito, como é todo o amor real e vida; quanto mais se ama como Jesus amou e nos ama. É Natal.

E os grandes sofrimentos? Responde Charles de Foucauld, assassinado dia 1 de dezembro de 1916. Vida a amar como Jesus amou segundo canta o Padre Zézinho. Foucauld, de família nobre, ficou órfão de mãe aos seis anos e de pai logo depois. Apesar de no seu tempo ser moda dizer que Deus morreu e alguns serem contra Deus; ele depois de se tornar aventureiro, militar, investigador, cientista e cair na indiferença e confusão religiosa, converteu-se a Cristo quando na Igreja de Santo Agostinho de Paris o Pe. Huvelin respondeu às suas dúvidas com a injunção luminosa: ajoelhe-se e confesse-se.

Recebeu Jesus como dom e foi trapista, sacerdote e, finalmente, ermita no sul da Argélia entre os tuaregues muçulmanos a quem amava como irmãos. Desprendeu-se de tudo, como escreveu um dia: “a fé é incompatível com o orgulho, com a vanglória, com o desejo da estima dos homens. Para crer é preciso humilhar-se”. Consagrou-se ao Coração de Jesus em Montmarte, em 1909, e teve  o pressentimento do seu modo de morrer, ao escrever: “Creio que é necessário morrer como mártir, despojado de tudo, deitado no chão, nu, coberto de feridas e sangue, de forma violenta e com morte dolorosa”. Foi assim que lhe aconteceu no dia 1.12.1916 em Tamanrasset (Argélia). Assim selou a passagem pela dor e morte, a que o Natal e a Cruz de Cristo dão esperança e vida eterna. É um evangelizador de muçulmanos.

Estou a escrever no dia das pessoas com deficiências (3 de dez.).Sofrem de finitude, (nós também); Deus não cria seres perfeitos, e elas precisam de amor incondicional que as estimule a descobrir o sentido de esperança na vida com Jesus. Sem ela a vida torna-se absurda, não-ser. Como se explicam as guerras de raiva e destruição niilista? S. Tiago responde: “De onde vêm as guerras e as lutas que há entre vós?” “Cobiçais, e nada tendes? Então, matais! Roeis-vos de inveja, e nada conseguis? Então, lutais e guerreais-vos!” “Não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quiser ser amigo deste mundo torna-se inimigo de Deus!” (Tg. 4, 1-4). Em vez de dom de amor a guerra é ódio, raiva e vingança contra si, conta os irmãos e contra Deus que tornam a vida um abismo infernal.

O Dia do Voluntariado, (dia 5) é apelo ao dom, dado e recebido, e à gratidão. O Irmão Provincial dos Irmãos de S. João de Deus escreve que “chegamos com alegria e gratidão” a este dia porque “o voluntário contribui com qualidade de vida e bem-estar às pessoas vulneráveis”. É dom, recebido e dado, de amor, mais ser e mais agradecer. Infelizmente, às vezes, divulga-se mais o mal que o bem. E felizmente, no Natal cumpre-se a palavra de Santa Teresa de Ávila: «àquele que se une a Deus não lhe falta nada: Deus só basta. (…) ainda que se acabe por tudo perder, Deus só basta».

Dentro de dias celebramos a Mulher Padroeira, que cantou: “Deus, em mim, fez maravilhas”. A festa da Conceição Imaculada celebra a Padroeira de quase todos os países de cultura cristã, que alguns querem apagar. Em 30 de novembro de 2023, o Papa Francisco desafiou os Teólogos da Comissão Teológica Internacional a entender a teologia da Igreja mulher e esposa: “Se não entendermos o que é a mulher, a teologia da mulher, nunca entenderemos a Igreja. Um dos grandes pecados que cometemos foi ‘masculinizar’ a Igreja”. O Papa remeteu os teólogos para o Conc.de Niceia (325). Nele, S. Nicolau, com festa a 6 de Dezembro, Pai Natal da lenda, parece ter esbofeteado Ario por este negar Jesus como consubstancial, da mesma natureza divina do Pai. E pode-se entender a mulher e a Igreja sem passar por Maria, Mãe do Filho de Deus?

Se Jesus Cristo é o best-seller de toda a literatura, a sua Mãe, a Mulher-Mãe de Deus é, também, a mais louvada pelo número incalculável de livros, igrejas, capelas e obras de arte. Quantas serão? Certamente, em tempos de inventários de património cultural da Humanidade se virá a saber. Usemos este mês para fazer contas de dons e graças e para agradecer. Para mim foi um ano de saúde que baste, de vida e de graças por 75 anos de consagração e hospitalidade. O maior dom foi mesmo o Natal de há 2025 anos de Cristo Filho de Deus, como S. Nicolau O defendeu à bofetada em Niceia. Foi preso, contudo, «nessa época, não se brincava com a honra do Salvador» (Aleteia). Muito agradecer e BOM NATAL.

 

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