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Ciranda da Vida – Existência

  • Dezembro 24, 2023
  • Cultura
  • Ernesto Lauer

 

Sem filosofar a vida, viverão na superfície.
Não perceberão que a existência é como
os raios solares que despontam solenemente
na mais bela aurora e se despedem
fatalmente no acaso.
(Augusto Cury)

A vida em filosofia: o que é a vida? Poderia dizer que a vida é um simples e contínuo seguir; se sigo, logo existo. Enquanto continuar seguindo, vou existindo. Raciocínio elementar, sem ingressar nas profundezas de tantas ciências e conceitos que buscam explicar a vida. Nasci lá no Hospital Centenário de São Leopoldo, mas com tenra idade vim para Montenegro, onde recebi o Título de Cidadão Montenegrino, por projeto apresentado pelo então vereador Percival.

Eu existo em Montenegro! Lembro muito bem quando o Tamir, Laranjeira e eu, no verão de 1965, seguimos para Porto Alegre a prestar o vestibular. Aprovados, fomos morar na Pensão Seleta, na rua da Praia, depois do Cinema Cacique. Café da manhã, almoço e janta estavam incluídos no pagamento. Para aliviar a despesa aos pais, fomos trabalhar.

Tamir e eu no Banco Industrial e Comercial, agência Barros Cassal. O expediente era pela tarde e sobrava tempo para estudar pela manhã ou noite. E assim fomos seguindo, trabalhando e estudando. Em 1966 voltei para Montenegro e fui lecionar inglês no ginásio noturno do São João. Viajei diariamente a Porto Alegre.

Nós contávamos 19 anos de idade. Será que éramos precoces para a atividade laborativa? Naquele tempo, a classe média, a qual nossas famílias se inseriam, não tinha muitas reservas financeiras para sustentar a faculdade e a mantença dos filhos em Porto Alegre. Em verdade, começamos a trabalhar cedo. Minha carteira de trabalho foi assinada quando contava 17 anos de idade.

Ao tempo em que conto 77 anos de idade – distante 70 dias de completar mais um ano de existência – ainda trabalho em pesquisas sobre a história de nosso município. Creio que a nossa geração foi vocacionada ao trabalho, seguindo o exemplo dos pais. Eles queriam que fossemos alguém na vida; para isso trabalhavam e nos faziam trabalhar.

Fomos de um tempo em que os bens, próprios ao conforto, começaram a aparecer. Era refrigerador, televisão, fogão a gás e outras coisas mais; tínhamos boa cama e comida; roupa para o gasto e uma domingueira; dinheiro para o cinema, pipoca, bala e algum refrigerante … Por aí, o dinheiro dos pais se esgotava.

Para que a família pudesse contar com o necessário conforto, fomos trabalhar e continuar estudando. Lembro que o Beto Vicente foi trabalhar na Ibraco, o Tamir na bilheteria do Paulo Endres, o Lupi na Rádio Montenegro, o Toninho na Pensão da João Pessoa e eu na Loja Lauer. Realmente fomos precoces.

 

E hoje, como as coisas andam? As drogas e o medo campeiam pelas ruas da cidade; nossos netos vão e voltam de carro do colégio; já não conhecem Montenegro; os que se aventuram a andar de bicicleta devem levar consigo um arsenal para assegurar sua propriedade, se quiserem deixa-la em algum lugar.

As atividades laborativas exigem conhecimento técnico. Cadê as escolas para a especialização? Já ouvi afirmação: “Não deixo o meu filho ir estudar em outro lugar; é muito perigoso”. Então, com um celular e um computador ele fica resguardado em casa!

Nós outros filosofamos nossa vida. Em nossa existência percebemos os raios solares do amanhecer de uma bela aurora; acompanhamos o sol se pondo, pela dispersão da luz solar ao longo do horizonte. Demos causa ao nosso existir e hoje acompanhamos filhos e netos em um novo tempo de existência.

Pela vontade do Poder Superior e a dedicação de todos os que cuidam de nossa saúde, continuamos nossa existência, um pouco relegados ao ostracismo. Aos mais jovens, quando os conheço, tenho que dizer: – Prazer, Ernesto: sou o pai do Tuti do Armazém das Pizzas e da Fabi do Atelier de Patchwork – o homem dos cachorros, pois aqui em casa sempre tem uns 5 ou seis. Boa semana (e última) do ano de 2023.

 

 

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