Com a morte de Eduardo Ortiz de Landázuri, afamado médico e Professor da Universidade de Navarra, Espanha, ficaram a conhecer-se vários episódios da sua vida e do seu modo de aproveitar o tempo. Tinha uma família numerosa, com vários filhos, um dos quais, com síndrome de Down.
Certa vez, ao fazer uma visita ao domicílio, reparou numa fotografia de família na qual aparecia uma criança deficiente. Notando o mal-estar que a sua descoberta despertara na sua paciente, disse-lhe que também tinha um filho doente e que esse rapaz estava a ser uma bênção para a família. Explicou-lhe que a profissão o absorvia muito, não conseguindo estar tempo suficiente perto dos filhos para os educar. Graças a esse filho com deficiência, que exigia tantas atenções e paciência, os irmãos revezavam-se para o atender. Muito naturalmente, deixavam de ser egoístas, e a sua alegria animava o rapaz que se ria com eles.
Este era um dos remédios do Prof. Eduardo: ser capaz de atender e entender os doentes, os seus sofrimentos, e de acarinhá-los com palavras de compreensão. Só após um exame profundo, já consultada a sua história clínica e os exames pedidos, se dispunha a preencher as receitas. Uma delas jamais ficou esquecida por um seu doente.
Após a lista com o nome dos remédios, a sua dosagem e horas de toma, na última linha, leu: confessar-se. O paciente ficou espantado. Há vinte anos que não se confessava, mas “tomou” todos os medicamentos, do primeiro até ao último. No livro de memórias sobre o Prof. Eduardo Ortiz, no qual colaborou com este episódio, acrescentou que nunca mais abandonara o uso de tal remédio.