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O que a escola não nos ensinou – Crónica I – A Igreja dos tempos bárbaros

  • Janeiro 5, 2024
  • Conexão | Brasil x Portugal
  • Maria Susana Mexia

 

 

No ambiente cultural da actualidade grassa o desconhecimento do que a nossa civilização ocidental deve à igreja Católica.

A Grécia antiga e o Império romano do ocidente foram elementos muito enriquecedores, mas a Igreja absorveu das suas culturas o que de melhor possuíam e integrou-as de forma admirável.

Por volta do século II, muitas tribos germânicas vindas da Europa central começaram a invadir o Império romano, aproveitando algumas fraquezas ou desavenças dos seus governadores.

Destas invasões bárbaras podemos destacar a tribo dos godos em 376, que no princípio não foram hostis aos romanos e respeitaram a cultura clássica, mas em 410, Alarico, um general godo saqueou Roma depois de tomar Atenas, dedicando-se a conhecer as obras de arte, a assistir a peças de teatro e a ouvir a leitura do Timeu, de Platão.

Por sua vez, os vândalos, já foram implacáveis inimigos de tudo o que não fosse germânico, saquearam a cidade de Roma em meados do século V, tendo depois conquistado o norte de África e ali implementado uma autêntica política de genocídio.

Os principais povos germânicos que invadiram o Império Romano foram os hunos, os vândalos, os visigodos, os ostrogodos, os francos, os lombardos e os anglo-saxões.

O último Imperador romano do Ocidente, Rómulo Augusto, foi obrigado a abdicar em favor de Odoacro, chefe militar da tribo germânica dos hérulos.

Assim fustigada e sem qualquer ordem politica, este reino bárbaro foi socorrido por bispos, sacerdotes e religiosos que lançaram mãos à tarefa de restabelecer sobre as ruínas os alicerces da civilização.

Os bárbaros que tomaram o Império eram povos rurais ou nómadas, de língua germânica, sem literatura escrita e com pouca capacidade de organização política. Na sua maioria eram guerreiros ferozes o que chocava profundamente com o comportamento dos romanos já cristianizados.

Os francos que se instalaram na Gália, actual França, eram mais numerosos, não se tinham convertido ao arianismo – uma heresia que negava a divindade de Cristo – e o seu chefe Clóvis, rei dos francos, foi atraído pelo cristianismo, casando com Clotilde, uma jovem e bela católica.

Como os povos bárbaros se identificavam fortemente com os seus chefes ou reis, naturalmente todos se foram convertendo e recebendo formação e ajuda, na organização para a reconstrução duma cultura superior que tinha desaparecido.

A busca de protecção promovendo alianças, foram uma forma de sobrevivência. A educação, nomeadamente no reinado de Carlos Magno, prosperou intensamente e com muita qualidade. Modelada pelo ensino em Atenas e, posteriormente, em Roma, sabia que poderia ser maior porque uma, tinha um elemento que faltava à outra,  antigos povos pagãos, a fé católica e os textos sagrados.

Os monges e os sacerdotes, nas aldeias e nas cidades, abriam escolas para que os filhos dos aldeões se pudessem instruir sem nada pagar, porque todos eram muito pobres.

Como educadora da Europa a Igreja foi a única luz que sobreviveu a posteriores e devastadoras invasões dos vikings, magiares e muçulmanos, nos séculos IX e X.

A fé faz viver o justo, mas é bom adicionar-lhe a ciência, pois não foi em vão que Deus deu ao Homem a ânsia do cultivo do e da capacidade do raciocínio.*

O esforço, empenho e dedicação da Igreja viriam ainda a dar novos e excelentes frutos… (continua)

 

*A Igreja dos tempos bárbaros, de Henri Daniel-Rops

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